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Novas e piores bolhas
Uma rede social da internet
(LinkedIn) abriu o capital na Bolsa de Nova York e viu seu valor duplicar da noite para o dia. Incomoda saber que o resultado financeiro da rede não é, até o momento,
atraente. Tamanho sucesso evoca
memórias dolorosas.
É consensual que um dos fatores centrais na eclosão da grave
crise financeira que ainda perturba a economia global foi o fato de
que o banco central dos EUA manteve, entre fins de 2001 e meados
de 2005, sua taxa de juros básica
em nível nominal muito baixo.
A decisão do Fed foi resposta à
queda violenta dos preços das
ações das empresas de tecnologia
-ou seja, ao estouro da bolha
"ponto com", estopim da recessão
americana de 2001. O problema
foi que um retorno tão baixo nas
aplicações com juros estimulou
apostas arriscadas, que culminaram no crash de 2007-2008.
Teme-se que algo semelhante
possa estar ocorrendo novamente. Um primeiro sintoma é o fato
de que, embora a demanda nas
economias desenvolvidas siga debilitada, as cotações das commodities têm se situado em níveis recordes. O fato de recuarem nas últimas semanas, depois de subir de
forma quase ininterrupta por um
ano e meio, não chega a desmentir
essa constatação.
É evidente que a demanda por
commodities originada nas economias emergentes se encontra
ainda aquecida. E o enfraquecimento do dólar é outro fator a contribuir para preços mais altos,
uma vez que esses bens são cotados na moeda norte-americana (e,
portanto, para preservar um mesmo valor real em euros ou ienes,
precisam valer mais dólares).
Ainda assim, é extremamente
provável que a taxa de juros perto
de zero ainda vigente nos EUA, na
Europa e no Japão seja um terceiro
fator central a explicar por que as
commodities estão tão caras.
A busca de maiores retornos
evidentemente não se restringe à
compra de commodities e de ativos financeiros nelas lastreados.
Os preços dos imóveis em muitas praças, como várias regiões do
Brasil, parecem um tanto inflados, possivelmente por haver
compradores estrangeiros (ou
com recursos trazidos do exterior)
que fogem da baixa renda fixa nos
países desenvolvidos. As distorções se multiplicam nos mercados
acionários pelo mundo afora.
O fenômeno LinkedIn pode não
ser indício de bolha. Mas, se ela for
real e explodir, causará estragos.
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