São Paulo, sábado, 21 de maio de 2011

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Editoriais

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Novas e piores bolhas

Uma rede social da internet (LinkedIn) abriu o capital na Bolsa de Nova York e viu seu valor duplicar da noite para o dia. Incomoda saber que o resultado financeiro da rede não é, até o momento, atraente. Tamanho sucesso evoca memórias dolorosas.
É consensual que um dos fatores centrais na eclosão da grave crise financeira que ainda perturba a economia global foi o fato de que o banco central dos EUA manteve, entre fins de 2001 e meados de 2005, sua taxa de juros básica em nível nominal muito baixo.
A decisão do Fed foi resposta à queda violenta dos preços das ações das empresas de tecnologia -ou seja, ao estouro da bolha "ponto com", estopim da recessão americana de 2001. O problema foi que um retorno tão baixo nas aplicações com juros estimulou apostas arriscadas, que culminaram no crash de 2007-2008.
Teme-se que algo semelhante possa estar ocorrendo novamente. Um primeiro sintoma é o fato de que, embora a demanda nas economias desenvolvidas siga debilitada, as cotações das commodities têm se situado em níveis recordes. O fato de recuarem nas últimas semanas, depois de subir de forma quase ininterrupta por um ano e meio, não chega a desmentir essa constatação.
É evidente que a demanda por commodities originada nas economias emergentes se encontra ainda aquecida. E o enfraquecimento do dólar é outro fator a contribuir para preços mais altos, uma vez que esses bens são cotados na moeda norte-americana (e, portanto, para preservar um mesmo valor real em euros ou ienes, precisam valer mais dólares).
Ainda assim, é extremamente provável que a taxa de juros perto de zero ainda vigente nos EUA, na Europa e no Japão seja um terceiro fator central a explicar por que as commodities estão tão caras.
A busca de maiores retornos evidentemente não se restringe à compra de commodities e de ativos financeiros nelas lastreados.
Os preços dos imóveis em muitas praças, como várias regiões do Brasil, parecem um tanto inflados, possivelmente por haver compradores estrangeiros (ou com recursos trazidos do exterior) que fogem da baixa renda fixa nos países desenvolvidos. As distorções se multiplicam nos mercados acionários pelo mundo afora.
O fenômeno LinkedIn pode não ser indício de bolha. Mas, se ela for real e explodir, causará estragos.


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