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ESQUELETOS REAIS
Foi mais uma semana perdida.
O governo foi não só incapaz de
romper o círculo vicioso da queda da
confiança no real como enfrenta nova onda de desconfiança internacional. A agência de classificação de risco Moody's anunciou que, na sua
classificação do Brasil, a perspectiva
passa de estável para negativa.
Vistas em si mesmas, as medidas
anunciadas pelo governo na semana
passada praticamente condenam o
país a uma taxa de crescimento, na
melhor das hipóteses, vegetativa neste ano. A única fonte de dinamismo
visível seriam as exportações, mas
também nesse campo o desempenho brasileiro deixa a desejar.
A essa altura, não ter o apoio do
FMI seria péssimo, mas contar com
a ajuda do Fundo está longe de ser
uma garantia de sustentação. E o
aperto fiscal, que supostamente deveria indicar aos mercados que o governo é austero e responsável, pode
ser tachado de insuficiente quando o
tamanho das contas a pagar é considerado grande demais.
Os credores e investidores internacionais parecem tecnicamente competentes apenas nos momentos de
calma. Mas há transmutação nos
mercados, que beira o irracional,
quando o cenário global é turvo, a
economia regional se esfacela e o futuro da política econômica brasileira
repousa na incerteza.
Nesses momentos, a magnitude
das contas a pagar impressiona mais
que o potencial das contas a receber.
Há pouco a fazer, do ponto de vista
da política econômica, quando se arma uma grande onda de especulação
contra uma moeda fraca.
O que assusta o investidor global é
constatar que o país tem uma dívida
bruta que supera os 70% do PIB. É
perceber que o prazo de financiamento desse passivo se torna a cada
dia mais curto e as taxas de juros,
proibitivas. Além disso, o governo
acaba de reconhecer a existência de
mais R$ 11 bilhões em "esqueletos".
Juros e dólar altos também oneram a
dívida pública, enquanto a queda no
crescimento no país e no mundo torna mais duvidosas as perspectivas de
o setor privado pagar suas próprias
dívidas, em reais ou em dólares.
Não é por acaso que o risco Brasil
tornou-se menor apenas que o da Argentina. O cenário é bastante grave.
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