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FIM DA SARS?
O surto mundial de Sars (síndrome respiratória aguda grave) parece quase no fim. As cidades
mais atingidas já não registram novos casos há dias. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) retirou os
alertas contra viagens que emitira para as áreas afetadas, exceto Pequim.
Se confirmado, o fim do surto não
significa que a doença tenha desaparecido tão misteriosamente como
surgiu. É praticamente certo que o
coronavírus que a provoca siga existindo em seu reservatório animal e,
talvez mesmo, entre humanos, mas
endemicamente, sem, por ora, gerar
explosões de novos casos.
Desde que ganhou as atenções
mundiais, há três meses, a Sars infectou cerca de 8.500 pessoas em várias partes do mundo e matou mais
de 800. Devastou ainda o turismo no
leste da Ásia, contribuindo para a crise econômica global.
A doença, porém, traz, paradoxalmente, algumas boas notícias. Essa é
uma das conclusões de uma conferência promovida pela OMS nesta semana para avaliar a resposta mundial à crise. O primeiro ponto positivo, é que, graças a uma cooperação
sem precedentes entre serviços de vigilância sanitária de todo o mundo,
uma pandemia global foi evitada.
Medidas duras como quarentenas
forçadas e alertas contra viagens tiveram de ser tomadas, mas o pior foi
aparentemente evitado.
Os feitos científicos em relação à
Sars também são dignos de menção.
Num período de poucas semanas, o
agente causador da moléstia foi
identificado e seu genoma sequenciado. Projetos de kits de detecção,
vacinas e tratamentos para a Sars estão nos tubos de ensaio, mas os cientistas poderão topar com um obstáculo inesperado: a falta de pacientes
humanos para testá-los.
Esperemos que os pesquisadores
tenham de contornar essa dificuldade e não outras. É possível que, passado o surto, a Sars permaneça dormente, apenas esperando condições
ideais para voltar a atacar humanos,
talvez de forma ainda mais devastadora do que agora . É para essa possibilidade que devemos nos precaver.
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