São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008

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Gestão deficiente

A ADMINISTRAÇÃO das empresas de saneamento segue, com raras exceções, colecionando fracassos. Isso vem afastando investimentos no setor, que deveria ser uma das prioridades do Programa de Aceleração do Investimento (PAC).
De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), a receita das operadoras estaduais de água e esgoto subiu 32,5% entre 2004 e 2006, graças a reajustes nas tarifas dos serviços (13,5% em média) e à redução da inadimplência (de 12,9% em 2004 para 9,7% em 2006). Como, no entanto, as despesas cresceram 22,6%, a maioria das companhias (65%) continuou a acumular prejuízos.
Uma resposta simplista a esse quadro adverso seria promover a elevação das tarifas. Tal tarefa, contudo, esbarraria nos limites de renda de boa parte da população. Além disso, seria questionável transferir aos usuários todo o ônus pela recuperação das finanças das empresas, uma vez que há evidentes falhas de gestão.
O estoque de endividamento dessas empresas é muito alto. Também são grandes o desperdício de recursos, as deficiências nos sistemas de cobrança e de medição de consumo. A perda de água pela rede, por exemplo, tem sido estimada em 50%.
Ganhos de eficiência podem trazer resultados surpreendentes. A Casan (SC), por exemplo, alavancou suas receitas por meio da restauração de hidrômetros defeituosos. Já a Caesb, do Distrito Federal, fez um esforço para reequilibrar seu orçamento e em seguida pôde utilizar o aumento de receita, propiciado pelo reajuste de tarifas, para expandir a rede de atendimento.
A retomada dos investimentos demanda, portanto, uma melhora na gestão dessas empresas. Isso lhes permitiria inclusive tomar novos créditos para investir-e há recursos disponíveis, por exemplo, no FGTS. Tal diagnóstico é compartilhado pelo Ministério das Cidades. Resta traduzi-lo em ações.


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