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MEIOS OFICIALESCOS
Uma das atitudes não incomuns de muitos elementos da
classe política ao se elegerem é a de
encarar os meios oficiais de comunicação como uma extensão de seus
cargos e a serviço de suas pretensões
eleitorais. E isso acontece tanto nos
Poderes Executivos, com o uso indiscriminado dos "Diários Oficiais" e
dos órgãos de comunicação, quanto
nos Legislativos, com os serviços de
gráfica e de envio de correspondência, entre outros.
Mesmo quando o Judiciário se pronuncia contrariamente aos usos e
costumes que parecem imperar nessa seara, a ânsia moralizadora não
prospera. Um bom exemplo vem de
1995, quando a Justiça Eleitoral condenou o então presidente do Congresso, senador Humberto Lucena
(PMDB-PB), e outros congressistas
pelo uso indevido da gráfica da Casa.
Os parlamentares votaram pela ampla anistia, depois sancionada pelo
presidente da República, salvando os
mandatos dos envolvidos.
Os fatos levam a crer que essa leniência seja suprapartidária, como
demonstram reportagens de ontem
desta Folha sobre o ex-senador Antonio Carlos Magalhães, do PFL, e o
governador do Mato Grosso do Sul,
José Orcírio dos Santos, o Zeca do
PT. Como justificar ao eleitor baiano
que o "Diário Oficial" de seu Estado
tenha privilegiado ACM -que não
exerce mandato nenhum- em 7 de
suas últimas 13 edições? O que pensa
o eleitor do Mato Grosso do Sul ao
saber que seus impostos são também usados para fazer "santinhos
fotográficos" do governador?
As promessas de campanha invariavelmente pregam o bom trato da
coisa pública, mas muitos eleitos desembocam na vala comum do abuso
dos meios oficiais de informação.
O direito à informação que todos
os eleitores têm não pode se confundir com propagandas eleitorais oficialescas. Se o Congresso busca realmente a depuração das práticas políticas, não pode deixar de legislar sobre o assunto e, acima de tudo, de
acatar as decisões do Judiciário.
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