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SEM JUSTIÇA
Elias Pereira da Silva, o vulgo
Elias Maluco, foi finalmente
preso no Rio de Janeiro depois de um
cerco que contou com mil agentes da
polícia fluminense. Ele é o principal
suspeito de ter assassinado o repórter da TV Globo Tim Lopes. Em seu
primeiro depoimento, negou participação no homicídio. Embora se possa criticar o tempo que a polícia demorou para prendê-lo -quase quatro meses em que Pereira da Silva, ao
que consta, nunca deixou o complexo do Alemão-, é inegável o mérito
do trabalho policial que culminou na
sua detenção.
Mas, ao contrário do que possa
transparecer no discurso efusivo de
algumas autoridades, o Rio de Janeiro não se tornou um lugar "mais
tranquilo" depois da prisão de Maluco. A memória da tomada da penitenciária de "segurança máxima" pelo famigerado Fernandinho Beira-Mar -e de seu acerto de contas sangrento com bandidos rivais- ainda
está bem viva. Não há confiança nenhuma na capacidade do Estado de
manter um chefe de quadrilha preso
e impedido de comandar ações criminosas. O jogo de empurra para ver
quem fica com Beira-Mar não disfarça o medo das autoridades de ter de
arcar com o desgaste que a sua custódia pode representar.
A prisão de Elias Maluco, porém,
não desperta apenas os temores
acerca do seu encarceramento. Tido
como um líder de quadrilha especialmente cruel, Elias Pereira da Silva é,
por ora, apenas suspeito de ter cometido um crime grave. A pena por
sua primeira condenação já foi cumprida. Ficou quatro anos preso, entre
1996 e 2000, e foi solto porque o sistema judicial, nesse período, não foi
capaz de produzir uma sentença para saber se é inocente ou culpado numa acusação de sequestro.
Essa falha do sistema legal em produzir uma resposta pode ter custado
a vida não apenas do jornalista Tim
Lopes, mas de várias outras pessoas.
E esse problema, que denota a precariedade do sistema de provimento de
Justiça neste país, não foi, evidentemente, solucionado com a prisão de
Elias Maluco.
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