São Paulo, terça-feira, 21 de setembro de 2010

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Construindo um futuro verde

ALAN CHARLTON


A coincidência de eventos esportivos traz oportunidade única para que Reino Unido e Brasil trabalhem juntos para tornar real a economia verde

As mudanças climáticas e o desenvolvimento sustentável continuam a ser uma prioridade política chave do novo governo britânico. O premiê, David Cameron, quer que o Reino Unido tenha "o governo mais verde de sua história".
Com o mercado global de produtos de baixo carbono previsto para crescer 4% ao ano até 2015, temos oportunidade tremenda para assegurar que nosso futuro econômico seja baseado em bens e serviços verdes, de baixo carbono, que estimulem o crescimento, gerem empregos, combatam as mudanças climáticas e fomentem a segurança energética.
O mercado de produtos e serviços verdes do Reino Unido, que vale quase R$ 1 trilhão, já emprega cerca de 900 mil pessoas, diretamente ou na cadeia de oferta mais ampla. O Reino Unido vê a transição para uma economia verde, de baixo carbono, como importante oportunidade comercial e de emprego.
Por que isso é importante para o Brasil? Os países que fizerem essa transição mais cedo -como o Brasil está fazendo com sua meta ambiciosa de reduzir suas emissões entre 36,1% e 38,9% até 2020- provavelmente vão se beneficiar, tornando-se centros de baixo carbono.
Por exemplo, 81% do comércio internacional de carbono acontece em Londres. Ao encarar o desafio verde, o Brasil poderá reivindicar sua parcela do mercado crescente de bens e serviços verdes, gerando qualificações e empregos valiosos.
É essencial que o governo implemente políticas que ofereçam certezas de longo prazo às empresas. Com sua matriz energética limpa, seus biocombustíveis avançados e seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, o Brasil está bem posicionado para transformar oportunidades em realidades.
O Reino Unido já tem diálogo forte com o Brasil quanto a mudanças climáticas e meio ambiente. Eu gostaria de vê-lo ampliado, para incluir o crescimento verde. O Reino Unido possui o maior mercado único no mundo de parques eólicos aquáticos e lidera na energia marinha, além de estar na vanguarda em pesquisas e desenvolvimento de baixo carbono.
As empresas britânicas querem trabalhar em parceria com suas contrapartes brasileiras, para construir relacionamentos mais fortes e fazerem juntas a transição para um mundo mais verde.
Nos próximos quatro anos, Londres vai sediar a Olimpíada de 2012, enquanto o Brasil vai sediar os Jogos em 2016 e a Copa em 2014.
A coincidência de eventos esportivos traz oportunidade única para que Reino Unido e Brasil trabalhem em conjunto para fazer da economia verde uma realidade, também ao compartilharem experiências sobre como os eventos esportivos podem ser tornados sustentáveis.
Para apoiar essa proposta, estamos lançando um programa intensificado de atividades no Brasil, sob a bandeira "UK Know How", que trará uma grande variedade de eventos comerciais, missões, seminários e mostras ligadas ao verde para o país.
Esperamos desenvolver parcerias com empresas brasileiras para garantir um futuro mais verde para ambos os nossos países.
O programa vai reunir uma gama diversificada de empresas britânicas dos setores ambiental, da construção, da infraestrutura esportiva, dos transportes de massas, tecnologia de informação e comunicações e tecnologia agrícola.
A visão do Reino Unido é a de uma economia verde, de baixo carbono, com empregos gerados pelas novas tecnologias e mercados do futuro. Com o conjunto certo de políticas, e com a adesão forte do setor privado, o Brasil tem a possibilidade de se tornar uma potência ambiental no século 21.


Tradução de CLARA ALLAIN

ALAN CHARLTON é embaixador do Reino Unido no Brasil.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br


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