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São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 2003

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MARCIO AITH

Irrelevância

SÃO PAULO - A saída da embaixadora dos EUA no Brasil, Donna Hrinak, deve restaurar a habitual irrelevância do país na ordem de prioridades da política externa americana.
Hrinak não queria deixar o posto agora, embora diga publicamente o contrário. Foi "convidada" a devolvê-lo antecipadamente, no começo de 2004, em razão de uma maneira heterodoxa de contar o tempo.
O Departamento de Estado calculou sua permanência máxima no cargo, de três anos, a partir da saída de seu antecessor (2001), e não do início de sua própria representação em Brasília (2002).
É um desfecho atípico para uma diplomata com 29 anos de carreira e uma impressionante experiência na América Latina, onde serviu na Colômbia, na Bolívia, na Venezuela e na República Dominicana.
A prevalecer a lógica, a mudança esfria a relação bilateral. A Casa Branca propagandeou sua nomeação, dois anos atrás, como sinal de que o Brasil merece um embaixador profissional, não um amigo de plantão da Casa Branca.
Agora, o Departamento de Estado admite que fará uma nomeação "política", provavelmente a de um empresário. Alega que a mudança poderá ser boa para o Brasil, dado o perfil do presidente dos EUA, "orientado para os negócios".
Não é tão simples. A viagem de Lula a Cuba e o fosso crescente que separa o Brasil dos EUA nas negociações da Alca encerraram a lua-de-mel entre os dois governos.
Em Washington, comenta-se, de forma maldosa, que Hrinak passou a sofrer, no cargo, da síndrome de Estocolmo, definida pela simpatia do sequestrado pelo sequestrador.
Vale a pena ler a próxima edição da revista "Indústria Brasileira", editada pela CNI e que circula em novembro. Nela, Hrinak defende a liderança do Brasil na América do Sul e, de forma cuidadosa, admite que nem todos pensam assim nos EUA.


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