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PÉSSIMA SURPRESA
Uma surpresa negativa. Foi
essa a impressão suscitada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ao decidir
elevar em meio ponto percentual a
taxa de juros básica da economia brasileira em reunião encerrada ontem.
A grande maioria dos analistas econômicos esperava um aumento menor, de 0,25 ponto percentual, com
base nas expectativas criadas pelas
explicações da autoridade monetária
-que, no mês de setembro, ao
anunciar a elevação da taxa Selic de
16% para 16,25% ao ano, afirmara estar dando início a um processo moderado de ajuste.
Mesmo uma alta de 0,25, embora
prevista, só poderia ser atribuída a
um excesso de zelo do Copom. Afinal, nas últimas semanas, os resultados da inflação se revelaram sistematicamente mais baixos do que projetavam os bancos e consultorias. Ao
lado disso, a deterioração das expectativas de inflação -um dos fatores
invocados pelo Copom em setembro
para justificar sua decisão de aumentar os juros básicos- foi interrompida. Por fim, os indicadores relativos
ao nível de atividade já passaram a
captar alguns sinais de desaceleração
da economia.
É certo que, paralelamente, o preço
internacional do petróleo atravessou
nova rodada de alta, projetando pressões inflacionárias por todo o sistema econômico mundial. Mas esse é
um típico choque externo de custos
que cabe à política monetária acomodar, visando evitar sacrifício excessivo da produção e do emprego,
por meio da admissão de inflação
um pouco mais alta.
O aumento mais agressivo da taxa
de juros básica só encontra justificativa na preocupação do BC de dar
mostras de que perseguirá a todo
custo uma inflação de 5,1% em 2005,
depois de se ver forçado a descumprir metas que, como esta Folha já
alertara, mostravam-se demasiado
ambiciosas.
A essa altura, a elevação dos juros
não irá comprometer significativamente a expansão do PIB em 2004,
mas as expectativas de crescimento
para o próximo ano tendem a esfriar,
em mais um revés para o setor produtivo imposto pelo governo petista.
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