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CARLOS HEITOR CONY
O golpe das privatizações
RIO DE JANEIRO - A questão das
privatizações voltou ao debate político, trazida pelo PT, que encontrou
em seu adversário eleitoral, o candidato Geraldo Alckmin, um único
pecado realmente grave: é do PSDB,
partido que no governo desastrado
de FHC privatizou empresas e só
não vendeu o Pão de Açúcar porque
não encontrou comprador.
Em principio, não sou contra as
privatizações, algumas delas eram
necessárias e trouxeram benefícios
à economia nacional.
Contudo, o processo que presidiu
as privatizações foi um escândalo
dos maiores de nossa história. Os
intermediários, corretores, conselheiros e economistas ganharam
fortunas vendendo na bacia da almas alguns nacos do patrimônio
nacional.
A oposição da época não encontrou um eixo comum para CPIs que
investigassem os lances que presidiram cada processo. Funcionários
de alto escalão foram sacrificados e
tudo ficou por isso mesmo. De maneira que, quando se fala em privatização, não se condena a privatização em si, mas o ritual viciado que
opera no subsolo das tratativas e
protocolos.
Isso sem falar na empulhação do
governo de então, que garantia pagar as dívidas do Brasil com o dinheiro da venda de gigantes como a
Vale do Rio Doce e outras. Pagando
as dívidas, garantia FHC, sobraria
dinheiro para investimentos em
saúde, educação, transporte, moradia e segurança, promessas de sua
campanha eleitoral que ficaram em
promessas. (É preciso lembrar que
durante a referida campanha, nenhum tucano falava em privatização).
Com o pecado original de pertencer ao PSDB, Alckmin pega as sobras de um dos maiores escândalos
da nossa vida pública. Ele garante
que não privatizará nada. Não importa: de qualquer forma não será
eleito.
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