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CARLOS HEITOR CONY
Dois candidatos
RIO DE JANEIRO - Não sei como
as coisas andam aí em São Paulo a
propósito do segundo turno das
eleições municipais. Parece que
houve baixaria das grossas, com a
candidata do PT pondo em questão
a vida pessoal do adversário, que,
por sinal, está em primeiro lugar
nas pesquisas.
Aqui no Rio, passada a selva selvagem do primeiro turno, sobraram dois candidatos que estão
levando a campanha em nível civilizado, sem agressões pessoais, apenas com os pontos divergentes
naturais de políticos em campos
opostos.
Não votarei em nenhum deles,
mas, se pudesse, votaria nos dois ao
mesmo tempo. Sou amigo de Gabeira, admiro-o desde que o conheci como chefe do Departamento de
Pesquisa do "JB". Nunca tive a
oportunidade de conhecer Paes em
carne e osso, mas sei que muita gente o respeita como administrador.
O que interessa é que, nos últimos pronunciamentos, os dois candidatos estão revelando um bom
conhecimento dos problemas da cidade, fazem um diagnóstico quase
comum de nossas mazelas e divergem pontualmente nas soluções de
alguns casos, em outros convergem.
Poucas vezes, na política municipal,
tivemos dois pretendentes tão preparados para o cargo de prefeito.
Não preciso ser profeta para prever as dificuldades que encontrarão
no dia-a-dia da administração. Desde os tempos de Estácio de Sá -que
morreu envenenado por uma seta
de índios que habitavam nossas
bandas- o Rio tem problemas e
mistérios que resistem ao tempo e
às boas intenções.
O maior desafio me parece ser a
questão da crescente favelização da
cidade, que, direta ou indiretamente, tem algo a ver com a precária segurança de que dispomos. É um
problema social, antes de ser um
problema urbano. E a solução está
num furo bem acima da gestão
municipal.
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