São Paulo, quarta-feira, 21 de novembro de 2007

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Células-tronco, boa notícia

NUMA NOTÍCIA aguardada com anseio, cientistas desenvolveram uma nova técnica de produção de células-tronco capazes de converter-se em qualquer tipo de tecido humano. O fato poderá tornar obsoleto o debate ético em torno da destruição de embriões.
Dois grupos, um japonês e um americano, que atuavam de forma independente, anunciaram ter reprogramado células adultas para que adquirissem as propriedades de células-tronco embrionárias sem precisar cloná-las. Organizações antiaborto e a Casa Branca deram boas-vindas à nova técnica.
Por ora, os estudos funcionam mais como uma prova de princípio. Os cientistas demonstraram que, com a introdução de apenas quatro genes, é possível fazer células adultas "voltarem" a comportar-se como embrionárias.
Aplicações médicas ainda estão distantes. Tanto os vírus quanto os genes usados na reprogramação tornam as células produzidas mais suscetíveis a cânceres. Sem aprimorar a técnica, seria arriscado usar o material em terapias ou para produzir órgãos sobressalentes, promessa da clonagem terapêutica.
A descoberta tampouco é suficiente para abrir mão de pesquisas com células obtidas de embriões. Não se sabe se as duas variedades se comportam da mesma forma nem se os riscos da nova técnica podem ser reduzidos.
O certo é que se inaugura promissora linha de pesquisa. A inovação contorna o problema ético e, por não usar óvulos humanos, tende a facilitar a produção de células-tronco. Outro benefício da descoberta é que as pesquisas deverão receber mais dinheiro. O governo Bush não financiava experimentos que envolvessem destruição de embriões, o que a nova técnica dispensa.


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