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Células-tronco, boa notícia
NUMA NOTÍCIA aguardada
com anseio, cientistas desenvolveram uma nova
técnica de produção de células-tronco capazes de converter-se
em qualquer tipo de tecido humano. O fato poderá tornar obsoleto o debate ético em torno da
destruição de embriões.
Dois grupos, um japonês e um
americano, que atuavam de forma independente, anunciaram
ter reprogramado células adultas para que adquirissem as propriedades de células-tronco embrionárias sem precisar cloná-las. Organizações antiaborto e a
Casa Branca deram boas-vindas
à nova técnica.
Por ora, os estudos funcionam
mais como uma prova de princípio. Os cientistas demonstraram
que, com a introdução de apenas
quatro genes, é possível fazer células adultas "voltarem" a comportar-se como embrionárias.
Aplicações médicas ainda estão distantes. Tanto os vírus
quanto os genes usados na reprogramação tornam as células
produzidas mais suscetíveis a
cânceres. Sem aprimorar a técnica, seria arriscado usar o material em terapias ou para produzir
órgãos sobressalentes, promessa
da clonagem terapêutica.
A descoberta tampouco é suficiente para abrir mão de pesquisas com células obtidas de embriões. Não se sabe se as duas variedades se comportam da mesma forma nem se os riscos da nova técnica podem ser reduzidos.
O certo é que se inaugura promissora linha de pesquisa. A inovação contorna o problema ético
e, por não usar óvulos humanos,
tende a facilitar a produção de
células-tronco. Outro benefício
da descoberta é que as pesquisas
deverão receber mais dinheiro.
O governo Bush não financiava
experimentos que envolvessem
destruição de embriões, o que a
nova técnica dispensa.
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