São Paulo, quarta-feira, 21 de novembro de 2007

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ANTONIO DELFIM NETTO

A nova Finep

É CURIOSA a resistência de alguns "cientistas" sociais em reconhecer que, a despeito de pequenos desvios ideológicos, o governo Lula recuperou a idéia de que só um desenvolvimento mais harmônico pode resolver nossos problemas. Duas decisões aparentemente distintas mostram isso. A primeira foi colocar o aumento da igualdade de oportunidades como objetivo prioritário de longo prazo, o que é essencial para dar ao "mercado" aquele mínimo de moralidade que garante a continuidade da política econômica mais eficiente.
Quem tiver dúvida olhe para nossos vizinhos... Essa tarefa tem sido executada com perseverança e inteligência pelo ministro Patrus Ananias. Ele não apenas tem aperfeiçoado o foco das políticas de assistência social mas tem insistido sobre a necessidade de se fornecer aos assistidos a possibilidade de livrarem-se dela. A crítica de que tais programas são "políticos" é ridícula. Tudo é político, até a crítica!
A segunda questão tem menor visibilidade, mas é tão importante quanto a primeira. Recuperou-se a velha idéia de que o conhecimento e a inovação são a "causa de todas as causas" do desenvolvimento. A Finep (Financiadora de Estudos e Projetos S.A.) foi criada em 1967 e fortemente apoiada até o início dos anos 80 para, em coordenação com uma política industrial-exportadora, estimular a incorporação de tecnologias geradas no exterior e, principalmente, a criação de tecnologias inovadoras. A íntima cooperação entre a academia, a indústria privada e a do governo (Telebrás, Eletrobrás e Petrobras) foi importante fator de crescimento no passado. A agência foi enfraquecida por quase uma geração pelo regime de inanição que lhe impôs a miopia fazendária, que acreditava no "desenvolvimento espontâneo produzido pelo mercado", a mesma que depois submeteu os fundos setoriais a um "contingenciamento" absolutamente ilegal.
A ressurreição da Finep começou com a nomeação do senhor Sérgio Rezende para a sua presidência. Ele imediatamente reconheceu a importância da recuperação do objetivo original para o qual ela tinha sido criada. Justamente promovido a ministro da Ciência e Tecnologia, o senhor Sérgio Rezende nomeou para a Finep o senhor Luis Fernandes, um técnico conhecido e competente, com ampla experiência na área. Ele tem demonstrado ter uma visão clara do papel da agência na integração do processo de pesquisa e desenvolvimento com a política industrial-exportadora. O orçamento da Finep para 2008 fez renascer a esperança na consolidação da lei de inovações.

contatodelfimnetto@uol.com.br


ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras nesta coluna.


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