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FERNANDO DE BARROS E SILVA
A força de Lula
SÃO PAULO - O dado mais relevante do processo pré-eleitoral,
nem sempre devidamente considerado, tamanha é a sua obviedade, é a
força política do presidente da República. Sua face mais visível e
mensurável está traduzida nos 72%
de aprovação obtidos por Lula, recorde histórico registrado pelo Datafolha e divulgado por este jornal.
Mas a força de Lula se reflete
também no protagonismo incomum que ele vem exercendo no arranjo do jogo da sua própria sucessão. É uma influência sem paralelo
desde a redemocratização do país.
Lula determinou e comunicou ao
PT que a candidata seria Dilma
Rousseff, cristã-nova no partido,
uma descoberta política recente,
obra do segundo mandato, além de
virgem em matéria eleitoral -nunca disputou um voto na vida.
Lula reorientou a trajetória de
Ciro Gomes (PSB), aliado bom mas
incômodo, cujas pretensões pareciam ameaçar o roteiro -da polarização com o PSDB- escolhido pelo
presidente. Com o título eleitoral
transferido para São Paulo, Ciro
tornou-se um curinga a ser usado,
no Estado ou no país, contra a candidatura (agora mais do que provável) de José Serra.
Mais recentemente, Lula cortou
as asas do PMDB, lançando um
ponto de interrogação sobre os apetites de Michel Temer e sua turma.
Como disse ontem Janio de Freitas,
o vice de Dilma "não é assunto dela
nem do PT, é de Lula". E foi por
obra dele, Lula, que o presidente do
BC, Henrique Meirelles, agora uma
opção a mais, se filiou ao PMDB.
A despeito das indefinições do
quadro eleitoral, com a subida de
Dilma (que foi a 23% e descolou de
Ciro, com 13%), fixou-se desde já,
até segunda ordem, a polarização
anunciada entre PT e PSDB.
Serra é sabidamente um candidato forte, com currículo e experiência na bagagem. Ele não teme Dilma, mas a popularidade de Lula. A
força do presidente é a grande esperança de sua candidata, mas também o seu limite. Dilma irá até onde
Lula conseguir carregá-la.
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