São Paulo, segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

A força de Lula

SÃO PAULO - O dado mais relevante do processo pré-eleitoral, nem sempre devidamente considerado, tamanha é a sua obviedade, é a força política do presidente da República. Sua face mais visível e mensurável está traduzida nos 72% de aprovação obtidos por Lula, recorde histórico registrado pelo Datafolha e divulgado por este jornal.
Mas a força de Lula se reflete também no protagonismo incomum que ele vem exercendo no arranjo do jogo da sua própria sucessão. É uma influência sem paralelo desde a redemocratização do país.
Lula determinou e comunicou ao PT que a candidata seria Dilma Rousseff, cristã-nova no partido, uma descoberta política recente, obra do segundo mandato, além de virgem em matéria eleitoral -nunca disputou um voto na vida.
Lula reorientou a trajetória de Ciro Gomes (PSB), aliado bom mas incômodo, cujas pretensões pareciam ameaçar o roteiro -da polarização com o PSDB- escolhido pelo presidente. Com o título eleitoral transferido para São Paulo, Ciro tornou-se um curinga a ser usado, no Estado ou no país, contra a candidatura (agora mais do que provável) de José Serra.
Mais recentemente, Lula cortou as asas do PMDB, lançando um ponto de interrogação sobre os apetites de Michel Temer e sua turma. Como disse ontem Janio de Freitas, o vice de Dilma "não é assunto dela nem do PT, é de Lula". E foi por obra dele, Lula, que o presidente do BC, Henrique Meirelles, agora uma opção a mais, se filiou ao PMDB.
A despeito das indefinições do quadro eleitoral, com a subida de Dilma (que foi a 23% e descolou de Ciro, com 13%), fixou-se desde já, até segunda ordem, a polarização anunciada entre PT e PSDB.
Serra é sabidamente um candidato forte, com currículo e experiência na bagagem. Ele não teme Dilma, mas a popularidade de Lula. A força do presidente é a grande esperança de sua candidata, mas também o seu limite. Dilma irá até onde Lula conseguir carregá-la.


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