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A EFICÁCIA DA TAXA
Com a expedição ontem dos
primeiros lotes de carnês, parte
dos paulistanos começará a pagar
em abril a taxa do lixo. Depois de
muita polêmica, restaram poucas
dúvidas de que a cobrança seja necessária dada a urgência de investimentos capazes de impedir que São Paulo
sofra um "apagão sanitário". A cidade produz por dia cerca de 15 toneladas de lixo, e a previsão é de que em
2007 os aterros para depósito dos detritos estejam esgotados. Além da
construção de novos aterros, é imprescindível avançar na coleta seletiva, que atinge atualmente apenas
0,03% dos detritos.
Entretanto as incertezas que ainda
cercam a implantação do projeto dão
margem ao ceticismo sobre a eficácia da taxa e consequentemente do
Fundo Municipal de Limpeza Urbana, destino do dinheiro arrecadado.
A prefeitura apresenta como um
avanço a autodeclaração -pela qual
cada unidade residencial ou empresarial optará pela taxa adequada ao lixo que produz, dentro de uma escala
predeterminada-, mas não ficou
esclarecido como esse sistema será
fiscalizado. Tampouco está definido
como serão arbitradas divergências
entre contribuintes e governo municipal sobre o volume produzido.
Outro problema diz respeito aos
descontos que serão dados aos moradores da cidade que aderirem à coleta seletiva. Embora a taxa já comece
a ser cobrada, o mecanismo pelo
qual o benefício será aplicado ainda
não foi regulamentado. O programa
municipal de separação do lixo está
em estágio incipiente: no mês passado, com quase um ano de atraso, foi
enfim inaugurada a primeira central
de triagem, separação e venda de materiais recicláveis.
Finalmente, o caminho para afastar o risco do "apagão sanitário" só
estará pavimentado quando a Prefeitura de São Paulo concluir sem novos
contratempos a licitação para a concessão do serviço de lixo, há anos
submetido ao regime ineficiente e
pouco transparente dos contratos
temporários.
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