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São Paulo, sábado, 22 de março de 2003

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VALDO CRUZ

Meia-volta, volver

BRASÍLIA - A ala petista que vinha defendendo a adoção de um plano B fez um recuo tático e recolheu seus exércitos. Percebeu que, apesar de angustiado com o cenário econômico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está fechado com Antonio Palocci e equipe. Um recuo que, para alguns aliados de Lula, deveria ser uma rendição. É o caso do deputado Delfim Netto (PPB-SP), um dos primeiros representantes da centro-direita a apoiar a candidatura do petista na campanha presidencial de 2002. O ex-ministro diz que esse grupo parece não ter compreendido duas coisas: foi Lula quem ganhou a eleição, não seu partido; e venceu com um programa de governo que não era o do PT. "Se fosse, eles não teriam vencido a eleição." Delfim, por sinal, diz ter decidido apoiar Lula quando se convenceu de que o petista havia compreendido que o caminho atual na economia é o correto e o possível no momento. Durante a campanha, o deputado foi questionado por jornalistas, num almoço, se não temia se sentir traído por Lula após a eleição. A resposta foi um sonoro não. Até aqui, tudo indica que ele estava certo. Continuará assim, pelo visto, enquanto Antonio Palocci for o comandante da economia. A equipe do ministro da Fazenda tem a convicção de que na macroeconomia a política ideal é o tripé metas de inflação, câmbio flutuante e superávit nas contas públicas. A cara do governo Lula não estaria aí, na política econômica, mas no que ele planeja fazer a médio prazo para promover uma verdadeira distribuição de renda no país. É como diz um membro da equipe de Palocci. Não será com pirotecnias econômicas que Lula mostrará a que veio, mas com políticas sociais que reduzam a desigualdade no país.
 
Irônicos, tucanos comentam que a ala petista que defende uma virada na economia deveria ter votado em José Serra. Fosse o tucano o presidente, eles não estariam decepcionados: o plano B já seria uma realidade.


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