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NO RITMO DA CRISE
No afã de contornar a crise
política que eclodiu com a divulgação do escândalo Waldomiro
Diniz, o governo entregou-se a um
ativismo tão vistoso quanto superficial. O presidente viaja de uma capital a outra, faz discursos e anuncia
projetos na tentativa de mostrar que
sua rotina não foi alterada.
Não é essa, contudo, a realidade.
Passados os momentos mais agudos
das dificuldades políticas, os problemas ainda estão longe de ser equacionados. Se antes do caso o governo
já não primava pela articulação e objetividade, depois dele o quadro,
quanto a isso, apenas se deteriorou.
Não bastassem os custos dos acordos para abafar CPIs e contornar novas turbulências, ministros queixam-se da paralisia governamental e
pedem verbas, enquanto aliados atacam a política econômica.
O enfraquecimento do ministro José Dirceu é patente, como são claras
as conseqüências negativas de seu
desgaste para a administração. Como o Planalto, no entanto, decidiu-se por preservá-lo, o titular da Casa
Civil terá a árdua missão de, chamuscado por um escândalo, recobrar a
iniciativa. Dirceu estaria organizando uma "agenda de emergência".
Com ela, tentaria mapear problemas
imediatos dos ministérios, liberar recursos e acalmar os ânimos. Talvez
consiga uma trégua no "fogo amigo", mas até quando? E até quando o
país poderá continuar a ser administrado no varejo, ao sabor de pressões
e interesses imediatos?
Não há nenhuma dúvida de que a
crise política deixará seqüelas. Cabe
ao governo preparar-se para conviver
com elas. Não basta dar impressão
de que se está governando, é preciso
que os resultados apareçam. Por
mais que o presidente procure explorar sua conhecida capacidade de comunicação, é improvável que preserve a mesma popularidade. E a conta
dos apoios será cobrada.
As perspectivas tornam-se mais difíceis quando se sabe que muitos dos
compromissos assumidos em campanha dependem dos resultados
econômicos -e o tempo da economia não é o mesmo do da política.
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