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Reprovação do Congresso
"Não deve haver quem, no Brasil,
se espante com o aumento do índice de rejeição ao Congresso. Nem
mesmo os deputados e senadores.
Afinal, em ambas as casas não se
produz nada mais do que escândalos. Contudo, me chama a atenção o
índice de 16% dos que avaliam como sendo ótimo ou bom o trabalho
do nosso Legislativo.
Estatisticamente, esse número é
muito maior do que o representado
pelos congressistas, seus familiares,
assessores e os funcionários da Câmara e do Senado. Para eles, as coisas podem estar andando bem ou
otimamente. Portanto, fica claro
que ainda temos no Brasil muito
"cego que não quer ver". Poderiam
ser tema para um novo "Ensaio Sobre a Cegueira".
E um de nossos maiores problemas é quando esses "cegos" votam."
SIMÃO PEDRO MARINHO (Belo Horizonte, MG)
Furto de pequeno valor
"Ontem, no Cotidiano2, alguns
defensores do princípio da bagatela
chamaram de insensíveis os promotores e juízes que cumprem a lei
("Para STF, furto de pequeno valor
não é crime').
Não se ocuparam de oferecer respostas a algumas indagações: caso
se solidifique o entendimento de
que furtar um violão ou um alicate
não é crime, o que deverão fazer o
músico ou o operário desfalcados?
Ingressar com ação de indenização
cível? Ou deixará de constituir furto apenas se a vítima for rica?
Caso não mais seja crime a subtração de bens de pequeno valor, o
policial que prende em flagrante o
"ladrão de bagatela" cometerá crime
de abuso de autoridade?
Mais. O que farão os donos de um
"armarinho" ou de uma "loja de
R$1,99" caso seus clientes resolvam
levar as mercadorias sem pagar?
Fecham as portas?
Serão desprovidos de significado
jurídico os princípios constitucionais da segurança e da propriedade
previstos no artigo 5, "caput", da
Constituição Federal?
Não. Não é necessário absolver o
furtador. A benevolente lei brasileira já aponta soluções para tais casos: regime aberto para cumprimento de pena, substituição da
"prisão" por prestação de serviços à
comunidade, pena de multa para o
"furto privilegiado" (artigo 155 do
Código Penal) dentre outras alternativas ao encarceramento. A solução aparentemente mais "sensível"
ignora o direito das vítimas de serem defendidas pelo Estado."
CHRISTIANO JORGE SANTOS , professor de direito
penal da Faculdade de Direito da PUC-SP (São
Paulo, SP)
Justiça Militar
"A argumentação do promotor
João Barcelos de Souza Júnior
("Justiça Anacrônica", "Tendências/Debates", pág. A3) quanto à
Justiça Militar da forma como ela é,
em seu artigo de ontem, apresenta
um desfile de sofismas que confundem o leitor.
Mistura a Justiça Militar da
União com a Justiça Militar estadual, que julga PMs, existente apenas em alguns Estados, e até parece
desconhecer o Código Penal Militar. A Justiça Militar da União não
se subordina aos Comandos Militares. O Superior Tribunal Militar é
um braço do Judiciário, como os
demais tribunais civis. Não se mede
a Justiça pelo número de processos,
e as injustiças podem ocorrer em
qualquer tribunal, pois nenhum é
infalível.
Onde o promotor tem visto injustiça no julgamento de crimes militares? Crime de policial militar não
é propriamente crime militar. Ótimo que o volume de processos sobre crimes militares seja baixo e, de
qualquer forma, a existência de tribunal especializado alivia a Justiça
comum, já assoberbada de processos de que não dá vencimento.
Isso sim é injustiça, pois os crimes militares iriam cair na vala comum com grande possibilidade de
não haver qualquer punição para os
infratores do Código Penal Militar.
Há que cuidar para não mudar a situação para pior."
PAULO MARCOS G. LUSTOZA , capitão-de-mar-e-guerra reformado (Rio de Janeiro, RJ)
"Na minúscula Justiça Militar
paulista, hoje, condenam-se mais
funcionário públicos por "corrupção" (lato sensu) do que em todo o
restante do Judiciário de nosso Estado. Só isso, em país que não consegue diminuir o cancro da corrupção, seria suficiente para afastar a
ideia de extinguir a Justiça Militar
do Estado de São Paulo. Ou desejamos a mesmice da impunidade?"
PEDRO FALABELLA TAVARES DE LIMA , procurador
de Justiça (São Paulo, SP)
Lula
"Onde há fumaça, há fogo. O governo federal está querendo tapar o
sol com a peneira e anunciou queda
na arrecadação. O anúncio tratou
também de bloqueio de verba de recursos de infraestrutura e cancelamento de concursos públicos.
Mas isso é conversa para boi dormir. Todo mundo já sabe que, por
falta de competência do governo
Lula, há uma montanha de recursos
do PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) que não é usada
por falta de gestão competente e
por descontrole. O custo da máquina montada pelos petistas já está
em outra galáxia. Mas o sinal de fumaça surgiu: pesquisa de avaliação
do presidente dá mostra de que o
feitiço vai virar contra o feiticeiro."
ARTHUR SOARES (Belo Horizonte, MG)
Armas
"Parabenizo o articulista João
Pereira Coutinho por sua coragem
de enfrentar tanta hipocrisia no que
se refere ao uso de armas ("Adeus às
armas?", Ilustrada, 17/3).
Nunca havia lido algo tão sucinto
e tão bem colocado sobre o assunto.
O enfoque é exatamente este: independentemente de ter uma arma
de fogo, sempre haverá alguém disposto a matar. E a arma pode ser
qualquer objeto, pois a intenção
existe, ou seja, sempre haverá "um
jovem alienado disposto a cometer
o impensável".
Ai de nós se não estivermos preparados para nos defender, pois a
falácia do poder público com relação à segurança jamais o fará."
AGNALDO LUIZ GONÇALVES (Porto Alegre, RS)
Médicos
"Sobre o artigo "O discurso e a
prática", do deputado estadual
Adriano Diogo ("Tendências/Debates", pág. A3, 18/3), o Sindicato dos
Médicos de São Paulo solidifica sua
convicção de que a saúde em São
Paulo não se desintegrou totalmente -por conta das ações insensíveis
do governo do Estado- graças ao
suporte e amparo fornecidos pelo
governo federal.
Há que se dar um basta, exigindo,
no mínimo, o cumprimento da
emenda constitucional 29. O governo estadual deve perder a vergonha
e confessar que o salário base inicial
do médico é de menos de R$ 500
(20 horas semanais). Não se faz
saúde com insensibilidade."
CID CÉLIO JAYME CARVALHAES , presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (São Paulo, SP)
CARTA REGISTRADA
"É lamentável, mas o Senado virou uma piada de mau gosto contada em cada esquina deste país."
VICTOR GERMANO PEREIRA (São Paulo, SP)
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