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São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Reforma da Previdência
"O ar de euforia demonstrado pelo presidente da República ao se reunir com os governadores, quando se confirmou a taxação dos atuais inativos, combina admiravelmente com a alegria do mercado. Todos estão felizes à custa desses cidadãos - sem dúvida, para eles, os grandes vilões do rombo da Previdência (pública e privada).
Firulas jurídicas contrárias e favoráveis não conseguem mudar a realidade dura e crua: os aposentados, notadamente os mais idosos, contam só com o pouco que recebem e nunca mais, por muito que o desejem, poderão ter outro emprego.
Vamos ver qual é a do PT, que na oposição (fazendo bravata?) era contra a taxação, acusando-a de ser antiética. O presidente do partido já declarou que seus liderados votarão a favor. Paira um cheiro de stalinismo no ar."
Geraldo Pinto Almeida (São Paulo, SP)

O peso do governo
"O Brasil pode constatar: 90% das empresas brasileiras pertencem ao governo. É tecnicamente impossível que uma empresa sobreviva à carga tributária, aos juros, à escorchante contribuição previdenciária (usada para os servidores públicos), à Justiça trabalhista e às centenas de taxas que são criadas anualmente pelos governos municipais, estaduais e federal, além das multas da fiscalização. Todas as empresas estão "penduradas" com tributos e não têm como pagá-los porque as multas por atraso impedem."
Nelson Oliva Gomes (São Paulo, SP)

Cumprimento das leis
"Não possuo formação acadêmica em direito nem convivo com pessoas desse meio. Por isso, talvez minha visão sobre o tema não esteja conforme com a nossa realidade jurídica. Penso que o Brasil seja o país onde existem mais leis -e também as mais extensas. O que causa espanto ao cidadão comum é ver que todo esse composto inextricável de leis não consegue manter presos por muito tempo perigosos bandidos e nem sequer leva para a cadeia os grandes corruptos da história do Brasil. Boa parte da legislação existente precisa urgentemente ser modificada -mas por quem entende de leis, não por quem entende de política."
Mario Pallazini (São Paulo, SP)

Bank of New York
"Reportagem publicada em Dinheiro (pág. B5, 16/4) atribuiu ao Bank of New York voz "dissonante" a respeito da conferência sobre o Brasil celebrada em Nova York em 15/4. Os trechos citados não representam o banco nem seriam vistos como dissonantes se adequadamente reportados. O jornalista Roberto Dias violou minhas instruções, bem específicas: minhas palavras eram informais e não deveriam ser tomadas como opiniões oficiais do meu empregador. Seu texto distorceu o que eu disse, apontando antagonismos onde não havia. Isso é indevido para qualquer jornalismo ético.
Nenhum jornalista deve violar instruções e apresentar observações casuais e pessoais como opiniões oficiais. Isso contraria a prática profissional, paralisa seriamente a comunicação entre os indivíduos, prejudica a boa vontade pública e mina a credibilidade do seu jornal."
John M. Koch, vice-presidente de política de crédito do Bank of New York (Nova Jersey, EUA)

Resposta do jornalista Roberto Dias - O entrevistado não solicitou que suas declarações ficassem "off the record". Disse que expressava opiniões pessoais e não falava em nome do banco, o que foi respeitado pela reportagem.

Combustíveis
"A coluna "A indústria do crime", de Luís Nassif (Dinheiro, pág. B3 de 16 de abril), bate com firmeza na sonegação e na evasão fiscal do setor de combustíveis. Concordo com a análise quanto à origem do problema, que decorre de uma desregulamentação sem critérios claros somada a um ente regulador (Agência Nacional do Petróleo) com dificuldades estruturais e sem poder de polícia consolidado. Isso fez a "liberdade" transformar-se em "libertinagem". Esse quadro ficou claro durante os trabalhos da CPI dos Combustíveis, da qual fui relator, na Assembléia Legislativa paulista.
Brevemente, poderemos votar a autorização para que o Estado de São Paulo contraia um empréstimo de US$ 20 milhões do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) -o qual, entre outras medidas, viabilizará a instalação de medidores de vazão nos postos de combustíveis, o que dificultará a sonegação.
Também devemos votar proposta para diminuir de 25% para 12% a alíquota do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre o álcool combustível. Assim, o diferencial tributário entre São Paulo e os outros Estados, que representa um estímulo à sonegação, será extinto. São passos fundamentais para moralizar o setor."
Arnaldo Jardim, deputado estadual pelo PPS-SP (São Paulo, SP)

Brasília, 43 anos
"O jornalista Fernando Rodrigues ataca Brasília de modo grosseiro e raivoso (Opinião, página A2 de ontem). Passa uma visão pessoal e artificial da cidade onde vive e trabalha. Comenta os acidentes de trânsito como se fossem curiosidades. Sabe muito bem que Brasília tem um controle de velocidade melhor que o da maioria das cidades do Brasil.
Não foi Brasília que festejou a ascensão de Lula, e sim a população brasileira que para cá se deslocou. Devo lembrar ao jornalista que Brasília já foi às ruas para retirar um presidente e não é síntese de um Brasil que não se impõe."
Herbert de Moura Santos Albano (Brasília, DF)

Sem imaginação no poder
"Na mesmice da política brasileira, Palocci imita Malan na condução da política econômica e Aécio imita Itamar, dando calote na dívida do Estado com a União e reclamando da falta de respeito da União para com os Estados.
Haja falta de imaginação."
Maria Tereza Pereira (Belo Horizonte, MG)

Ensino público
"Como professor da rede pública em São Paulo e interessado na melhoria da educação no nosso Estado, gostaria de sugerir aos leitores algumas questões para reflexão: 1) Será que, investindo no ensino fundamental e médio apenas 40% do que se investe no ensino superior, não se compromete a qualidade do primeiro? 2) Por que o aluno do ensino fundamental e médio merece menos investimentos do que o aluno do ensino superior? 3) Para podermos dar oportunidades iguais a todos os estudantes, não deveríamos priorizar o ensino básico? 4) Os alunos do ensino público têm as mesmas oportunidades de entrar numa universidade pública que os de instituições particulares? 5) Por que será que a classe média, mesmo com seu salário apertado, procura manter os seus filhos em escolas particulares? 6) Por que o ensino superior público continua tão elitizado? Será que o destino do aluno pobre continuará sendo a universidade particular e noturna, como foi o meu caso?"
Sandro Cunha dos Santos (Ribeirão Preto, SP)

Repressão às drogas
"Fatos indiscutíveis: a repressão às drogas não diminui o consumo, e continua sendo facílimo para qualquer um comprá-las, no país inteiro. Se é fácil para o consumidor descobrir onde comprar a droga, por que não é fácil para a polícia?
O tráfico, do mesmo modo que a Lei Seca nos EUA, é o responsável por grande parte da violência nos países do Terceiro Mundo. Talvez seja tempo de a sociedade debater melhor a legalização das drogas. Com ela, os traficantes pagariam impostos, e esses tributos poderiam ser canalizados para informação, educação, prevenção contra o uso de drogas e tratamento do usuário. Com isso, reduziríamos a violência e a criminalidade."
Heve Estrela Ramos (Alagoinhas, BA)


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