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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Padre Pio
da Pietrelcina
Eis um novo santo cujo processo
de canonização caminhou com
surpreendente rapidez. Padre Pio faleceu em 23/9/1968, em San Giovanni
Rotondo, aos 82 anos. Durante sete
anos, foram interrogadas 73 testemunhas, cuja documentação forma 104
volumes. Em 18/12/97, a Congregação
das Causas dos Santos reconheceu
suas virtudes praticadas em grau heróico. No ano seguinte, o promotor da
fé e seis consultores teológicos deram
parecer positivo ao primeiro milagre
alcançado por intercessão de Padre
Pio. Tratava-se de cura, cientificamente inexplicável, da senhora Consiglia
De Martino. Por decreto do Papa João
Paulo 2º, Padre Pio foi beatificado em
2/5/1999. Apenas três anos depois, na
semana passada, em 16/6, ei-lo solenemente inserido no cânon dos santos.
Que há de especial na vida desse humilde religioso, cuja santidade acaba
de ser proposta à veneração do mundo inteiro?
Nasceu em Pietrelcina Benevento,
na Itália, em 25/5/1887, filho do agricultor Onezio Forgione e de Giuseppa
de Nunzio. Foi batizado com o nome
de Francisco. Desde cedo, sentiu-se
atraído a consagrar-se a Deus e, aos 16
anos, foi admitido no Convento dos
Capuchinhos em Moricone, recebendo o nome Frei Pio. Sua saúde era frágil, o que várias vezes o obrigou a interromper os estudos. Com 23 anos
recebeu a ordenação sacerdotal. Seis
anos depois, ficou responsável pelo
seminário Seráfico em San Giovanni
Rotondo.
Religioso exemplar, manso e atencioso com todos, dedicou-se intensamente à oração. Tornou-se muito conhecido e procurado para a direção
espiritual. Sua vida, comparável à dos
grandes místicos, ficou marcada pela
insigne graça dos estigmas de Cristo e
pela prova das incompreensões de
pessoas que muito o fizeram sofrer.
Diante das acusações, o Santo Ofício
decidiu restringir o exercício do ministério sacerdotal de Padre Pio, que
passou a celebrar na capela interior do
convento apenas com um assistente.
O religioso aceitou a decisão com humildade e, durante três anos, viveu
isoladamente. Liberado pelo Santo
Ofício, voltou Padre Pio a um incansável apostolado como confessor experimentado. Fundou a Casa "Sollievo
della sofferenza" para atendimento a
necessitados e a enfermos e desenvolveu numerosos "grupos de oração"
com grande fruto espiritual.
Seus sofrimentos não haviam terminado. Queixas decorrentes do fanatismo de algumas pessoas que vinham
vê-lo levaram os superiores a novas
restrições.
O Papa Paulo 6º, no entanto, interveio, concedendo-lhe completa liberdade para o exercício de seu ministério.
Esse homem de Deus atraiu pela
santidade de vida a confiança e a veneração de milhares de peregrinos do
mundo inteiro, que vinham de longe
para ouvi-lo, para receber o perdão
dos pecados e para participar da Eucaristia, que ele celebrava com comovente piedade.
Padre Pio não percorreu o mundo,
não fez obras vistosas. Viveu no escondimento com amor e com fidelidade a sua entrega total a Jesus Cristo.
Passou pela "noite escura" do espírito
na experiência do abandono interior.
Em união com Cristo e com Maria,
oferecia seus padecimentos pela salvação do próximo, procurando reparar
as ofensas contra Deus.
Num mundo conturbado e vazio de
sentido, seu testemunho é um forte
apelo à santidade e à esperança. A vida
de Padre Pio nos ajuda a redescobrir a
prioridade absoluta de Deus, a beleza
de sua misericórdia e o amor ao próximo na ânsia de que a redenção de
Cristo se estenda a todos.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.
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