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CLÓVIS ROSSI
Insanos ou cínicos?
SÃO PAULO - Espero que a corte lulista seja apenas cínica. Se for insana,
como demonstram algumas de suas
frases mais recentes, aí a coisa vai
piorar -e muito.
Começa com Frei Betto e sua alusão a governos que devem combater
privilégios, na missa pelos 30 anos de
casamento do presidente e de dona
Marisa. Se o frade acredita que o governo Lula combateu um privilégio,
um só que seja, é um insano.
Da mesma forma, o coordenador
político Aldo Rebelo chama de "progressista" a Câmara dos Deputados,
por ter aprovado o mínimo de R$
260, enquanto o "reacionário" Senado votava pelos R$ 275.
Não dá para acreditar que Rebelo
acredite no que disse. Se acredita,
também é um insano.
Aí vem Luiz Dulci, secretário-geral
da Presidência, e diz que, "em um
ano e meio, Lula superou a crise econômica herdada de oito anos de neoliberalismo predatório".
Deus do céu, será que ele acha mesmo que, em um país em que o desemprego cresceu, a renda está estagnada
ou caindo e o crescimento é pífio e incerto, a crise econômica está mesmo
superada? Seria ridículo, não fosse
trágico. Espero, por isso, que seja apenas cinismo, porque, se o ministro
acredita no que disse, nada mudará e
as coisas só farão piorar.
Não faltou -nem poderia- o ministro José Dirceu com sua teoria
conspiratória da aliança da mídia,
setores empresariais e até "forças políticas internacionais" se articulando
contra o governo Lula.
Mais uma tolice. A única conspiração contra o governo Lula que está
em andamento é a da incompetência
do próprio governo, a começar por
Dirceu, que teve de ser sacado da função de coordenador político para ser
gerente e não consegue ser nem uma
coisa nem outra.
Vamos ser claros: o governo Luiz
Inácio Lula da Silva é o mais conservador da história, pelo menos desde a
redemocratização do país, em 1985.
Em um país em que há pouco a conservar, um governo assim só pode ser
um fracasso. O resto, ou é insanidade,
ou é tolice, ou é cinismo.
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