São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 2000


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GUERRA PRÓXIMA

O governo da Colômbia pretende colocar em prática, em breve, um plano de combate ao narcotráfico que visa a solapar a base de financiamento dos guerrilheiros que dominam parte do país. A ofensiva conta com ajuda financeira e apoio logístico dos EUA e deve dar-se inicialmente na fronteira com o Equador. Ainda que a 1.000 km do limite territorial brasileiro, há motivos de preocupação para o Brasil.
O risco principal é o de transposição do conflito, dos próprios grupos guerrilheiros e paramilitares colombianos ou até de atividades ligadas ao narcotráfico para o território brasileiro. Assim, não é despropositada a atitude brasileira de reforçar a presença das Forças Armadas ao longo dos mais de 1.600 km de fronteira com a Colômbia e de intensificar a vigilância por satélite na região.
Autoridades dos EUA estariam pressionando o governo colombiano a lançar mão de guerra biológica contra plantações de coca. Trata-se de um fungo transgênico cujas interações com o meio amazônico ainda não são conhecidas. O simples fato de uma guerra biológica não respeitar fronteiras, porém, já requer atuação da diplomacia brasileira no sentido de examinar com o governo da Colômbia os riscos que o uso desses recursos poderia acarretar.
A crise colombiana é um dos principais problemas estratégicos que afetam a América do Sul. Ela sintetiza interesses tão difusos quanto o norte-americano (combater a oferta mundial de cocaína), o das elites políticas da Colômbia (retomar o controle do país), o de países vizinhos, o de guerrilhas marxistas, o de milícias mercenárias, o de traficantes internacionais de drogas.
Para compor o cenário, há questões não menos importantes quanto ao papel do Brasil no subcontinente e ao controle da Amazônia. Por ora, as autoridades brasileiras resistiram ao assédio dos norte-americanos, que apregoam para o Brasil uma participação mais direta -de apoio logístico ao Exército colombiano e até de interferência militar na região.
Defender as fronteiras nacionais e investir numa diplomacia que busca o fim pacífico do conflito no país vizinho deve ser, do ponto de vista do Brasil, diretriz apropriada. Para a crise colombiana são poucas e custosas as chances de solução militar.



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