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O ACORDO DE ALCÂNTARA
A Câmara deve votar logo o parecer do deputado Waldir Pires
(PT-BA) sobre o acordo entre Brasil e
EUA para a utilização da base de lançamento de foguetes de Alcântara
(MA). Para Pires, o acordo é "uma
violência à soberania nacional e profundamente inconveniente aos interesses do povo brasileiro"; para o governo, ele não é um acordo militar, e
sim comercial, com empresas privadas americanas, sendo fundamental
para a manutenção da base.
Assinado em abril do ano passado,
o acordo tem de ser ratificado pelos
parlamentos dos dois países.
Porém o caminho não será pacífico
no Congresso Nacional, pois há
cláusulas que proíbem o Brasil de investir no seu próprio programa espacial e outras que dão aos EUA o direito de vetar unilateralmente o uso da
base por determinados países. E,
ainda, cláusulas que restringem a
presença de brasileiros nas áreas
controladas pelos americanos, ou
seja, técnicos brasileiros não poderiam entrar nessas áreas nem para se
certificar da segurança.
Nada se fala sobre transferência de
tecnologia. Aceita-se, no texto acordado, que o governo dos EUA proíba
aos participantes americanos "qualquer assistência aos representantes
brasileiros no concernente a desenvolvimento, produção, operação,
manutenção, modificação, aprimoramento, modernização ou reparo
de veículos de lançamento, espaçonaves ou equipamentos afins".
Apesar de a base de Alcântara ser
estratégica -por isso mesmo despertando o interesse americano-, o
governo brasileiro parece achar conveniente tratar o acordo como um
simples contrato de aluguel. Será
que Washington permitiria algo parecido no cabo Canaveral?
Os governantes brasileiros continuam a separar as relações comerciais dos projetos de desenvolvimento tecnológico nacional. Continuam,
desse modo, a adotar políticas que
condenam o país a uma dependência
tecnológica cada vez maior, deixando passar boas oportunidades, nas
quais há o que negociar.
Está agora nas mão dos parlamentares a decisão sobre o rumo a tomar.
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