São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Contribuição de inativos
"A lei, ora a lei. Que desrespeito à Constituição! Além da insegurança física e da insegurança patrimonial, temos agora a insegurança jurídica."
Aldo D'Angelo (São Paulo, SP)

 

"Para o servidor público que observou integralmente todas as regras estabelecidas para obter a sua aposentadoria, pagando contribuição previdenciária todos os meses sobre o total de sua remuneração e cumprindo fielmente o requisito do tempo de serviço para tal, fica a amarga sensação de que os dispositivos legais que asseguravam o seu direito de não contribuir na inatividade valiam tanto quanto um cheque sem fundos. Só lhe resta expressar sentidos pêsames ao Estado de Direito. Que o voto vencido do ministro Celso de Mello possa servir de reflexão a todos os que têm o poder e a obrigação de decidir imparcialmente sobre os interesses do cidadão comum, ainda que do lado contrário esteja o Estado."
Odilon O. Santos (Marília, SP)

 

"Parei para fazer umas continhas sobre o meu salário e deparei com a incrível descoberta de que, somando os descontos sobre meu salário referente ao INSS e ao IR, chego a um valor muito, mas muito, superior ao desembolso que eu faria se pagasse diretamente por uma previdência privada, incluindo um bom plano de saúde. Não há algo errado com isso? O que o presidente Lula tem feito com o dinheiro que leva do bolso do trabalhador? Cadê a saúde pública? Cadê a educação para o povo? Cadê as boas condições das estradas federais? Sou obrigado a continuar bancando investimento zero nas questões públicas? Sou obrigado a financiar com meu salário a compra de um superavião?"
Luiz Antonio Pereira de Souza (São Paulo, SP)

Idosos
"Volto ao assunto. O sr. Lula disse que os "idosos" iriam receber primeiro. Pois bem, tenho 71 anos, trabalho e pago impostos. E minha restituição do Imposto de Renda não veio nem no terceiro lote."
Manoel Ribeiro dos Santos (São Paulo, SP)

Violência
"Os moradores de rua assassinados no centro de São Paulo infelizmente beberam do cálice da exclusão e do terror sem a solidariedade platônica da classe média-alta paulistana, sempre propícia a sair em passeatas acenando lenços brancos quando as vítimas atingidas por nossa guerra civil são os seus entes queridos. Vida longa ao padre Júlio Lancellotti e parabéns à OAB, porque senão esses pobres coitados, sempre resignados à desgraça eterna da nossa insensibilidade social, poderiam estar correndo o risco de extermínio."
Pedro Valentim (São Paulo, SP)

Anencefálico
"Estamos, no Brasil, a poucos dias de uma decisão judiciária que poderá envergonhar a ciência e a ética humana -ou não. E esse julgamento está nas mãos do Supremo Tribunal Federal. É inconcebível que o tão evoluído homem insista na busca do genocídio. Estou falando do aborto de fetos anencefálicos. Os insensíveis instrumentos do aborteiro não são um bem para a criança nem para os órgãos reprodutivos da mulher. E menos ainda para o instinto materno e para a vida que está por vir, mesmo que seja curta após o parto. Inegavelmente, é menos agressivo para o corpo e para a moral das pessoas envolvidas o nascimento natural da criança com anencefalia do que a eutanásia pré-natal. Uma vida foi gerada, ela é digna e humana, como todas. E esse direito é dela, a vida é da criança, e não da sociedade ou dos pais, e por isso o seu fim deve acontecer naturalmente, eticamente."
Daiana Ruff (Porto Alegre, RS)

História valorizada
"Parabenizo o jornalista Otavio Frias Filho pela coluna "Getúlio ainda divide" (Opinião, A2, 19/8). É raro ver jornalistas se reportarem à figura de Getúlio Vargas sem se utilizar do velho e surrado conceito de populismo. O texto de Frias, além de denso, claro e aberto em sua análise, é uma bela demonstração de como se pode realizar uma reflexão sobre o passado sem se deixar enredar por conceitos que, além de não explicarem nada, impedem a produção do conhecimento histórico a partir de uma perspectiva crítica. No âmbito da historiografia brasileira e latino-americana, entendeu-se por bom tempo que a posição crítica em relação ao populismo era aquela que o rejeitava em sua totalidade. O populismo era tudo o que existia de negativo na vida política dessas sociedades. Mais recentemente, o que se objetiva é verificar essa negatividade por meio de recortes temáticos, restringindo o foco de observação. O texto de Frias, além de demonstrar que o legado de Getúlio ainda é um divisor de águas na política brasileira, é lúcido ao demonstrar que populismo não é mais do que um vocábulo arqueológico e que já passou da hora de abandoná-lo."
Alberto Aggio, professor da Unesp (Araraquara, SP)

Jornalismo
"Sou advogado, e minha classe tem, entre suas finalidades, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados. Isso é o que dispõe a lei 8.906/94 no seu artigo 44, e essa lei é conhecida como Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. E há também um código de ética, que até pune profissionais que eventualmente possam agir de forma incompatível com o exercício da advocacia. Pois bem, não acho que para a classe de advogados o estatuto represente a tutela do Estado sobre uma atividade privada. Pelo contrário, acho que o disciplinamento, a fiscalização e a eventual punição de advogados por seus pares mantêm vivo o princípio da moral individual, social e profissional, que deve existir em qualquer atividade profissional. Acho estranho que a criação de um conselho ou ordem de jornalistas crie tanta celeuma. Entidades dessa natureza acabam por trazer à classe muito mais vantagens do que prejuízos, e isso não tem relação nenhuma com a liberdade de expressão do jornalista, que será garantida é até mesmo fortalecida."
Marcelo José de Souza (São Paulo, SP)


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