São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

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SINAL DE ALERTA

Embora denote uma vontade popular de punir os grandes partidos, que dominam a cena política alemã há cinco décadas, é preocupante o avanço de legendas de extrema direita, provavelmente ligadas a movimentos neonazistas, em disputas legislativas regionais ocorridas em dois Estados do leste alemão.
Os herdeiros do antigo Partido Comunista também apresentaram forte avanço. Contudo já fazem parte do jogo político nacional, respeitam suas regras e, portanto, não constituem ameaça ao sistema, o que não é o caso da extrema direita. Além de anti-semita e xenófoba, esta preconiza o "fim da tirania de Bruxelas", que simboliza as instituições européias.
A mensagem enviada aos social-democratas, do premiê Gerhard Schröder, e aos oposicionistas democrata-cristãos foi clara: a redução do escopo do Estado do Bem-Estar Social -necessária, segundo as autoridades, para sanear as contas públicas em um país cujos níveis de crescimento são pífios há mais de uma década- não agrada à população de Estados menos abastados.
De fato, o desemprego no leste (23%) é quase o dobro do existente na extinta Alemanha Ocidental. Ademais, as "políticas de solidariedade", que surtiram efeito positivo nos primeiros anos após a reunificação (1990), não têm mais grande impacto. Desde então, Berlim investiu cerca de US$ 1,3 trilhão no leste do país.
A Agenda 2010 de Schröder prevê uma forte redução nos benefícios sociais, como o seguro-desemprego. Isso é malvisto pela população de Estados carentes de empregos. Por isso os democrata-cristãos não conseguem tirar proveito da má performance governista, pois são vistos como ainda mais "liberalizantes".
Ora, cabe agora aos grandes partidos mostrar que saberão responder aos anseios da população, já que não interessa a nenhum país, sobretudo à Alemanha, que a extrema direita volte a ter verdadeira força política.


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