São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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RISCO DE DEFLAÇÃO

Uma acentuada queda nos preços ameaça a economia mundial. De acordo com um relatório do banco Morgan Stanley, as forças da deflação já atingem países como China, Japão e Cingapura dada a expansão excessiva da capacidade produtiva que acompanhou o ciclo de crédito e de ativos financeiros nas nações asiáticas. Estima-se que os países em deflação já representem em torno de 20% da economia e do comércio mundial.
Os EUA também enfrentam pressões deflacionistas: desvalorização dos preços das ações, excesso de capacidade produtiva nos setores da "nova economia", reversão do ciclo produtivo e queda nos preços dos produtos importados, sobretudo da Ásia. O deflator do PIB americano foi de apenas 1,2% no segundo trimestre de 2002. Os preços dos bens duráveis apresentaram queda de 2,9%, e os dos bens de capital -estruturas, equipamentos e software- diminuíram 1,4%, no mesmo período.
O perigo da deflação de preços e, por consequência, do faturamento, é que o serviço das dívidas se torna relativamente mais oneroso. Para pagar os juros e amortizar os empréstimos, os agentes reduzem seus gastos, o que tende a desencadear novas quedas de preços, gerando um círculo vicioso de contenção de gastos, contração da atividade econômica, aumento do desemprego e sucessivas reduções nos preços.
Se os EUA entrarem em um processo deflacionista, poderão arrastar o resto do mundo dado o tamanho de sua economia. O combate da deflação deveria transformar-se no objetivo precípuo das políticas monetárias e fiscais das principais áreas econômicas. Isso significa injetar novos recursos e reduzir as taxas de juros de forma coordenada pelo Federal Reserve e pelo Tesouro dos Estados Unidos, pelo Banco Central Europeu e pelo Banco do Japão. O estímulo na demanda global poderia diminuir a aversão ao risco dos investidores internacionais e, assim, conter a restrição de crédito para as economias emergentes, o que seria uma boa notícia para o Brasil.


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