São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELIANE CANTANHÊDE

Cada macaco no seu galho

BRASÍLIA - A eleição está sendo plebiscitária. A minoria é pró-governo, e a grande maioria, pró-mudanças. É esse pêndulo que define a posição do PSDB e do próprio Serra no governo Lula que se avizinha.
Alternância, afinal, é isso. A oposição virou governo? Então, quem era governo vira oposição. Adeus ao sonho de um governo Lula com apoio do PSDB, como houve o de um governo Serra com simpatia do PT.
Evidentemente, o pau vai quebrar no PSDB, partido que inchou muito com as vitórias de 94 e de 98 e no qual há centenas de políticos pendurados em cargos, verbas, favores de governo. Mas o partido não tem alternativa: ou mergulha no governo Lula por puro fisiologismo e se afoga, ou respira fundo na oposição, nada contra a corrente e mira o principal: o futuro.
Com Lula presidente, o PT leva o apoio de amplos setores da sociedade, dos partidos de esquerda e de centro-esquerda, mais de uma parte não tão pequena do PMDB. O aliado PL se encarregará da adesão de outros partidos que já estão, ou estiveram, no governo FHC. Sempre, claro, "em nome da governabilidade".
Em tese, sobram para a oposição o PSDB e o PFL e seu primo-irmão PPB. Um, empurrado pelas urnas, os outros, pela chance única de se afirmarem não mais como fisiológicos, mas num só partido de direita ideológica -que, aliás, faz falta ao país.
Nos dois casos, não se confunda posição partidária com responsabilidades executivas. Partidos fazem oposição, governadores governam. Aécio Neves, por exemplo, tem liberdade para ter acesso ao Planalto de Lula.
O destino do PSDB depende de como a população vai reagir ao provável governo Lula. Como disse um tucano ontem, "onda vem, onda vai". Outro acrescentou: "É só esperar o refluxo, em quatro ou oito anos".
Para a sorte de Lula, o PSDB vai fazer discursos, cobrar posições e soluções, mas não vai fazer oposição como só o PT sabe fazer e exercitou bem nos anos FHC: nem CPIs, nem "fora, FMI", nem "fora, Lula".
E quem vai ser o PT do governo PT? Essa é simples: o próprio PT.


Texto Anterior:
São Paulo - Clóvis Rossi: O terceiro turno

Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Patrulhas nunca mais
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.