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ELIANE CANTANHÊDE
Cada macaco no seu galho
BRASÍLIA - A eleição está sendo plebiscitária. A minoria é pró-governo, e
a grande maioria, pró-mudanças. É
esse pêndulo que define a posição do
PSDB e do próprio Serra no governo
Lula que se avizinha.
Alternância, afinal, é isso. A oposição virou governo? Então, quem era
governo vira oposição. Adeus ao sonho de um governo Lula com apoio
do PSDB, como houve o de um governo Serra com simpatia do PT.
Evidentemente, o pau vai quebrar
no PSDB, partido que inchou muito
com as vitórias de 94 e de 98 e no qual
há centenas de políticos pendurados
em cargos, verbas, favores de governo. Mas o partido não tem alternativa: ou mergulha no governo Lula por
puro fisiologismo e se afoga, ou respira fundo na oposição, nada contra a
corrente e mira o principal: o futuro.
Com Lula presidente, o PT leva o
apoio de amplos setores da sociedade, dos partidos de esquerda e de centro-esquerda, mais de uma parte não
tão pequena do PMDB. O aliado PL
se encarregará da adesão de outros
partidos que já estão, ou estiveram,
no governo FHC. Sempre, claro, "em
nome da governabilidade".
Em tese, sobram para a oposição o
PSDB e o PFL e seu primo-irmão
PPB. Um, empurrado pelas urnas, os
outros, pela chance única de se afirmarem não mais como fisiológicos,
mas num só partido de direita ideológica -que, aliás, faz falta ao país.
Nos dois casos, não se confunda posição partidária com responsabilidades executivas. Partidos fazem oposição, governadores governam. Aécio
Neves, por exemplo, tem liberdade
para ter acesso ao Planalto de Lula.
O destino do PSDB depende de como a população vai reagir ao provável governo Lula. Como disse um tucano ontem, "onda vem, onda vai".
Outro acrescentou: "É só esperar o refluxo, em quatro ou oito anos".
Para a sorte de Lula, o PSDB vai fazer discursos, cobrar posições e soluções, mas não vai fazer oposição como só o PT sabe fazer e exercitou bem
nos anos FHC: nem CPIs, nem "fora,
FMI", nem "fora, Lula".
E quem vai ser o PT do governo PT?
Essa é simples: o próprio PT.
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