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CLÓVIS ROSSI
O crime comprovado
SÃO PAULO - A Polícia Federal,
tão elogiada pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, está acusando
o presidente-candidato de crime
eleitoral. É a única conclusão possível a tirar do relatório parcial do delegado Diógenes Curado Filho a
respeito do caso do dossiê. Basta seguir o teorema seguinte:
1 - O delegado acusa Jorge Lorenzetti de ter sido "a pessoa que articulou em âmbito nacional a compra
do dossiê". A propósito, Gilberto
Carvalho, o secretário particular do
presidente, também aponta o dedo,
indiretamente, para Lorenzetti.
Descobertos os telefonemas que
trocou com o acusado, Carvalho
afirmou: "Disseram que o Lorenzetti estava no rolo".
Quem "disseram", cara pálida?
Só pode ter sido gente da campanha, do governo ou do PT.
Quem quer que seja, sabia que os
que Lula chamou de "aloprados"
(mas que, na verdade, são delinqüentes) são perfeitamente capazes de meter-se em "rolos" (crimes,
em português claro).
2 - O chefe do "rolo", Lorenzetti,
era, à época, analista de risco e mídia da campanha Lula.
3 - É crime eleitoral não apenas
usar dinheiro ilícito para fins eleitorais mas também captá-lo. Se Lorenzetti "articulou em âmbito nacional a compra do dossiê", cometeu crime eleitoral.
4 - O candidato, como o próprio
Lula admitiu, na sabatina da Folha,
responde pelos ilícitos cometidos
pela sua campanha.
É elementar, meus caros Watsons da vida.
Se vai ou não produzir conseqüências, só se saberá com o caminhar do processo já em curso na
Justiça Eleitoral, o que pode tardar
anos, muitos, talvez.
De todo modo, pela primeira vez
a eleição de um presidente estará
"sub judice", por culpa única e exclusiva do que Lula chama de "burrices" de seus amigos e correligionários, fugindo de novo à palavra
certa: foram crimes.
crossi@uol.com.br
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