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CARLOS HEITOR CONY
Os caminhos do mal
RIO DE JANEIRO - Não sei se foi
Santo Agostinho ou São Tomás de
Aquino que disse ser o Bem uma via
única e o Mal uma encruzilhada de
caminhos. Pensei nisso ao saber
que o dinheiro que comprou o tal
dossiê passou por muitos intermediários e chegou a um bicheiro. Honestamente, não entendo como o
profissional do bicho tem interesse
em influir na sucessão de São Paulo,
mas tudo é possível quando se trata
do Mal.
A mesma coisa aconteceu com o
líder do PT que incluiu a Opus Dei
na sucessão presidencial. Seria falta
de respeito colocar a Opus Dei como uma contravenção do catolicismo, tal como o jogo do bicho é uma
contravenção policial. No caso do
dossiê, a suspeita do dinheiro do bicho tumultua a apuração do caso, livrando a cara do PT, que afinal seria
o beneficiário do documento que,
aliás, ninguém leu, ninguém viu
nem se sabe se existe mesmo.
Quanto à Opus Dei, é uma tentativa de satanizar a candidatura de
Alckmin, que disse uma grande verdade: "O futuro governo de Lula
acaba antes de começar".
Não se precisa de nenhum bicheiro e muito menos da Opus Dei para
chegar a essa conclusão. Trata-se de
um governante exausto, que já falou tudo o que podia e não podia, já
tentou diversos modelos para seu
governo e patinou no óbvio do populismo disfarçado em justiça social. Falta agora trazer ao debate
eleitoral, neste final de campanha, a
Ku Klux Klan e o PCC como interessados nos próximos lances da
política nacional. Não esquecendo a
torcida da Fiel, que bem poderia fazer uma vaquinha para pagar o dossiê que ninguém levou a sério.
Tendo como adversários históricos as elites brasileiras, o PT arranjou agora mais dois inimigos operacionais: o bicho e a Opus Dei. Nada
de admirar que ainda inclua a Ku
Klux Klan, o Al Qaeda e a torcida da
Fiel.
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