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VALDO CRUZ
Até que a crise nos abata
BRASÍLIA - Lá pelo mês de agosto, quando a crise no setor imobiliário norte-americano estourou e o dólar no Brasil disparou, a equipe
econômica ensaiou um discurso de
que iria acelerar a votação de medidas fiscais no Congresso para mostrar que estava se preparando para
uma situação adversa.
Ficou no discurso. Depois da ação
dos Bancos Centrais mundiais,
principalmente nos EUA, o cenário
meio que se acalmou, o dólar voltou
a cair por aqui e a disposição para
adotar controles sobre o crescente
gasto público foi parar na gaveta.
Daí que a única medida fiscal de
fato do PAC está esquecida nos arquivos do Congresso. Ninguém
mais fala daquele projeto que criava
um limite para o aumento das despesas com a folha de pagamento do
setor público.
Enquanto isso, os gastos correntes da União só fazem subir, bancados por uma arrecadação de impostos cada vez mais crescente. É justo
destacar que não estamos prestes a
cair numa crise fiscal. O governo
continua gerando uma economia
suficiente para pagar juros e manter sob controle sua dívida.
Perde-se, contudo, a oportunidade de conter despesas nem sempre
justificáveis, como aumentos elevados para setores ineficientes do serviço público, que poderiam abrir espaço para novas reduções de impostos que vitaminariam ainda
mais a economia.
Agora, nas negociações para
prorrogar a CPMF, os tucanos ensaiam pôr na mesa a exigência de
que o governo adote um redutor
anual em seus gastos em troca de
aprovar uma sobrevida ao imposto
do cheque, que renderá, em 2008,
R$ 40 bilhões aos cofres públicos.
Nada mais justo. Afinal, não parece muito inteligente garantir uma
montanha de dinheiro a um governo que não tem lá grandes preocupações com seu gasto.
Principalmente se essa dinheirama acabar fazendo a festa do candidato de Lula em 2010. Pior é se, antes do baile, a crise ressurgir. Pode
ser tarde demais.
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