São Paulo, segunda-feira, 22 de outubro de 2007

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PAINEL DO LEITOR

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Maria da Penha
"Ora, a desgraça humana começou no Éden: por causa da mulher, todos nós sabemos, mas também em virtude da ingenuidade, da tolice e da fragilidade emocional do homem". Essa deverá ser considerada a frase do ano, pronunciada, quem diria, por um profissional que deveria ter, devido aos muitos anos dedicados aos estudos, um discernimento básico entre crenças/dogmas religiosos e leis que vigoram em um Estado laico ("Para juiz, proteção à mulher é "diabólica", Cotidiano, 21/10).
Os ditos do juiz Edilson Rodrigues estão em perfeita concordância com o pensamento dos dirigentes da Igreja Católica, que sempre responsabilizam as mulheres pelos males do mundo. Só são levadas em consideração pela igreja por serem capazes de gerar filhos."
ANETE ARAÚJO GUEDES (Belo Horizonte, MG)


"Muito oportuna a reportagem "Órgão vai estudar medida legal contra posição de juiz de MG" (Cotidiano, 21/10). O juiz Edilson Rodrigues foi inconseqüente ou apenas estava julgando a inconstitucionalidade da Lei Maria da Penha? A Constituição preconiza que todos são iguais perante a lei, sem discriminação de qualquer natureza.
Não há dúvidas de que o homem que agride o sexo considerado frágil é um covarde, mas, por outro lado, não há dúvidas também quanto à inconstitucionalidade dessa lei.
Não quero abordar quem é certo ou errado, simplesmente quero cientificar que não foi o juiz Rodrigues o primeiro -nem será o último- a julgar a lei dessa forma. Recentemente, tivemos um julgamento de que tal lei é inconstitucional ("TJ julga que lei Maria da Penha é inconstitucional", Cotidiano, 28/9).
O que se pode levar em conta no caso atual, e talvez requeira uma apuração, é a forma como o magistrado se expressou, mas nada além disso."
DIÓGENES PEREIRA DA SILVA (Uberlândia, MG)

Concessões
"Na nota "Lenha", o "Painel" (Brasil, 19/10) apontou com exatidão o ocorrido no episódio das concessões. Não houve comunicação ao governador. O processo encerrou-se no âmbito competente (Secretaria de Transportes). Não há, pois, antagonismo nos posicionamentos expostos."
CLAUDIO LEMBO, ex-governador de São Paulo (São Paulo, SP)

F-1
"Lamentável a troca "ensaiada" de posições patrocinada pela equipe Ferrari, que roubou, no tapetão, o tricampeonato das mãos de Fernando Alonso, o campeão moral, que, nesta temporada, competiu contra tudo e contra todos.
Mais lamentável ainda foi a defesa que a Rede Globo fez da atitude da Ferrari, tentando justificar o injustificável. O ato foi equivalente ao do boxeador que simula um nocaute ou ao do time baiano que "perde" por dez a zero em cinco minutos. A vitória em Interlagos e o título do campeonato para Raikkonen têm a mesma legitimidade da medalha para o atleta que compete dopado."
ALAOR CARLOS DE OLIVEIRA JÚNIOR (Uberaba, MG)

Rolex
"Em relação à manifestação do professor Leonardo Barbosa e Silva (18/10), gostaria de dizer que, embora eu me considere de esquerda, não acho que o roubo de um Rolex ou a extorsão para a compra de um carro importado se justifiquem pela desigualdade social. O repúdio ao roubo e à extorsão não são privilégio de direitistas como Reinaldo Azevedo, assim como a pobreza não justifica esses crimes. Que o digam os milhões de brasileiros que são pobres e ganham a vida honestamente."
JORGE ALBERTO DE OLIVEIRA MARUM, promotor de Justiça (Sorocaba, SP)

Publicidade
"Conforme reportagem publicada em 19/10, a Ellus foi multada em R$ 500 mil por publicidade abusiva. O diretor da Associação dos Profissionais de Propaganda, André Porto Alegre, ignorou a questão ética da comunicação mercadológica e ironizou a multa ao dizer que as peças da grife não tinham provocado um desastre ambiental.
No entanto, a campanha atrelou sexo a consumismo e banalizou a relação entre as pessoas, além de incitar a prática sexual precoce. O fato vem confirmar a preocupação do Projeto Criança e Consumo em relação a diversas denúncias arquivadas pelo Conar. O órgão tem sido comprovadamente insuficiente. Por isso defendemos a criação de um conselho multidisciplinar autônomo que atue na análise das campanhas. Não é censura, pois não se trata de livre expressão de pensamento, e sim de um ato comercial."
JÚLIA MAGALHÃES, assessora de comunicação do Projeto Criança e Consumo - Instituto Alana (São Paulo, SP)

A inveja de Lula
"Exteriorizado em linguagem comum, o artigo "A inveja de Lula" ("Tendências/Debates", 17/10), de José Henrique Reis Lobo, foi muito feliz ao identificar um conflito intrapsíquico entre o que o indivíduo Lula deseja para si e aquilo que o pacto social impõe ao presidente.
Lobo faz pensar e refletir sobre a condição humana, tanto do ponto de vista empírico como do racional. Uma abordagem antropológica do mal consubstanciado no desejo de poder e pelo afã do poder."
PAULO CERCIARI (São Paulo, SP)

Urbanismo
"Um absurdo a declaração do presidente do Secovi (Cotidiano, 18/10) ao dizer que "não poder implantar empreendimentos porque haverá trânsito é uma mentalidade que precisa ser mudada".
Ora, o estudo prévio e detalhado sobre o impacto ambiental que os ditos "empreendimentos" causam nas vizinhanças é medida extremamente necessária. Um olhar atento no horizonte de São Paulo nos revela a falta de padrão arquitetônico e a verticalização desordenada, que causam a degradação da cidade e da qualidade de vida dos cidadãos.
Urbanismo deve ser tema de interesse social. A mentalidade que precisa mudar é daqueles que vêem cidade como uma bolsa de especulação imobiliária."
RICARDO MOREIRA PRATES BIZARRO (São Paulo, SP)

Igualdade
"A ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, superou, de longe, o seu chefe na tese do "nunca antes neste país" ("Valorizar a diversidade estimula a inclusão", 14/10).
Afirmar que o crescimento da identidade negra "não por acaso" se dá após a criação de sua pasta, em 2003, é desconhecer aquilo que todo estudioso da questão racial sabe muito bem: é no censo de 2000 que, após uma queda livre de mais de cem anos, a população dos que se declaram pretos inicia uma reversão que se estende para o conjunto da população negra.
Quanto à educação, não se pode creditar ao Executivo a adoção da política de cotas. Nenhum dos três últimos ministros da Educação, incluindo o do governo anterior, se empenhou de fato por aquelas políticas nas universidades públicas.
Beira à irresponsabilidade afirmar que "o Brasil vive hoje uma oportunidade única de efetivar uma verdadeira democracia racial", quando a empregabilidade, e não o desemprego, constitui o mais grave problema socioeconômico da população negra.
O que é lamentável nisso tudo é o silêncio do movimento negro brasileiro, silêncio que, definitivamente, não é o dos inocentes."
HELIO SANTOS, foi coordenador do Grupo de Trabalho Interministerial de Valorização da População Negra do governo FHC (São Paulo, SP)

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