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RUY CASTRO
A pirataria máscula
RIO DE JANEIRO - Até há pouco,
quando se falava em pirataria, o que
vinha à mente eram CDs, DVDs e
demais bugigangas eletroeletrônicas dos camelódromos, oriundas do
Paraguai ou da China. Por causa dela, nossos outrora românticos camelôs pararam de vender artigos
essenciais, como ioiô, pente Flamengo e cortador de unhas.
Mais remotos ainda ficaram os
clássicos piratas que, no passado,
assombravam a imaginação das
crianças: os de verdade, como
Henry Morgan, John Lafitte e o capitão Kidd, e os fictícios, como Barba Negra, Long John Silver e o capitão Blood. Quase todos, aliás, parecidos com o pirata do rum Montilla.
Pois eis que, na costa da Somália,
volta à moda a pirataria como ela
deve ser: máscula, perigosa, aventureira. Um navio aborda o outro no
mar e foge com a carga. Ou faz desse
navio refém, com tripulação e tudo.
Antes, o botim eram ouro e jóias, e
talvez uma princesa espanhola, de
olhos pretos e pinta no queixo. Agora os objetivos são armas, óleo, trigo
ou os milhões de dólares do resgate.
Os cargueiros de hoje, supercomputadorizados e com uma tripulação mínima e quase desarmada,
tornaram-se uma teta para os
piratas. Já aconteceram 95 ataques
este ano, e há 17 navios em poder
dos corsários. O cenário é quase
sempre o mesmo: o golfo de Áden.
Mas a ameaça se estende a todo o
oceano Índico.
Não por acaso, esta era a rota de
um implacável inimigo da pirataria:
o Fantasma, personagem criado em
1936 por Lee Falk e Ray Moore. Nas
últimas décadas, o herói estava quase morrendo de tédio, por falta de
piratas a combater. Passava o dia no
trono da caverna, fazendo cafuné
em sua mulher, Diana Palmer, bocejando e indo dormir cedo. Mas,
agora, em sua identidade civil de Sr.
Walker e acompanhado do lobo Capeto, o Fantasma volta a ter de sair
à noite.
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