São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2010

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FERNANDO RODRIGUES

A escolha dos ministros

BRASÍLIA - Dos 37 ministros, apenas 4 estão há oito anos ocupando a mesma cadeira: Celso Amorim (Itamaraty), Luiz Dulci (Secretaria-Geral), general Jorge Felix (Segurança Institucional) e Henrique Meirelles (Banco Central). Em tese, nenhum dos quatro deve permanecer onde se encontra a partir de 1º de janeiro.
Dilma Rousseff deseja diferenciar sua equipe da do presidente Lula. Uma forma seria não manter no mesmo local quem ali esteve desde o início de 2003. A única dúvida ainda sobre esses quatro remanescentes é Meirelles. O martelo será batido nesta semana.
O preenchimento dos outros ministérios parece, por enquanto, obedecer a uma lógica curiosa. Os chamados cargos de Estado serão tratados de maneira mais rígida. A presidente eleita terá preocupação especial com áreas como Fazenda, Planejamento, Educação e Saúde. Nas restantes, aparentemente, vigorará o loteamento com base nas chamadas cotas partidárias.
Há riscos nesse sistema. Tome-se o caso do Ministério da Defesa. É ocupado hoje por Nelson Jobim. Embora o titular seja filiado ao PMDB, a pasta nunca foi considerada território desse partido.
Seria uma temeridade, pois a lei complementar 136 (de agosto último) colocou nas mãos do ministro da Defesa o controle quase total das Forças Armadas. Antes, os comandantes da Aeronáutica, Exército e Marinha eram indicados e nomeados pelo presidente. Agora, a indicação compete ao ministro.
Nas últimas semanas, cogitou-se entregar a Defesa para o vice-presidente da República eleito, Michel Temer, que é do PMDB. A ideia foi abandonada. Mais adiante, cogitou-se encabrestar essa pasta na cota partidária do PMDB.
Dilma Rousseff ainda não se pronunciou em público a respeito. Se optar pela partidarização da Defesa, criará uma bomba com explosão líquida e certa em algum momento durante o seu mandato.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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