UOL




São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2003

Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO INDEFINIDO

O ano vai chegando ao fim com muitas indefinições nos entendimentos sobre o comércio mundial e com a sinalização de que os progressos em relação a grandes temas, como a liberalização agrícola, deverão enfrentar novos obstáculos e ocorrer em ritmo lento.
Para os interesses do Brasil, a perspectiva não é boa, embora a diplomacia brasileira tenha atuado para minimizar os custos desse cenário. No caso da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), tudo indica que será seguido o roteiro básico proposto pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, com o qual os Estados Unidos concordaram na reunião realizada em novembro, em Miami. O caminho, como divulgado, será um acordo mínimo entre os participantes, ficando aberta a possibilidade de acertos bilaterais ou multilaterais para assuntos tidos como mais sensíveis pelos diversos países. Além disso, questões de impacto global não serão discutidas na Alca, e sim na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Esse é exatamente o caso do comércio agrícola, área em que se concentra a maior parte dos interesses do Brasil. Um relaxamento dos mecanismos de proteção à agricultura nos EUA e na União Européia traria benefícios praticamente automáticos para os competitivos produtores brasileiros. A expectativa, porém, é que, mesmo na hipótese de entendimento, o cronograma de abertura agrícola terá prazos dilatados.
Essa realidade exige que o governo reaja em outras frentes. Se o agronegócio brasileiro tem tido um desenvolvimento extraordinário, isso não significa que o país deva abrir mão de comercializar produtos mais sofisticados, de maior valor agregado.
Trata-se de raciocinar cada vez mais em termos de "agroindústria" e de trabalhar para que a pauta de exportações seja mais diversificada. Nesse sentido, é preciso também implantar políticas industriais que induzam vantagens comparativas, estimulando a competitividade de determinados setores para que possam conquistar mercados e substituir importações. E quanto a isso, o governo vem agindo com lentidão.



Próximo Texto: Editoriais: DÓLAR FRACO, EUA FORTES
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.