|
Próximo Texto | Índice
COMÉRCIO INDEFINIDO
O ano vai chegando ao fim
com muitas indefinições nos
entendimentos sobre o comércio
mundial e com a sinalização de que
os progressos em relação a grandes
temas, como a liberalização agrícola,
deverão enfrentar novos obstáculos e
ocorrer em ritmo lento.
Para os interesses do Brasil, a perspectiva não é boa, embora a diplomacia brasileira tenha atuado para
minimizar os custos desse cenário.
No caso da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), tudo indica
que será seguido o roteiro básico
proposto pelo ministro das Relações
Exteriores, Celso Amorim, com o
qual os Estados Unidos concordaram na reunião realizada em novembro, em Miami. O caminho, como
divulgado, será um acordo mínimo
entre os participantes, ficando aberta
a possibilidade de acertos bilaterais
ou multilaterais para assuntos tidos
como mais sensíveis pelos diversos
países. Além disso, questões de impacto global não serão discutidas na
Alca, e sim na OMC (Organização
Mundial do Comércio).
Esse é exatamente o caso do comércio agrícola, área em que se concentra a maior parte dos interesses
do Brasil. Um relaxamento dos mecanismos de proteção à agricultura
nos EUA e na União Européia traria
benefícios praticamente automáticos para os competitivos produtores
brasileiros. A expectativa, porém, é
que, mesmo na hipótese de entendimento, o cronograma de abertura
agrícola terá prazos dilatados.
Essa realidade exige que o governo
reaja em outras frentes. Se o agronegócio brasileiro tem tido um desenvolvimento extraordinário, isso não
significa que o país deva abrir mão de
comercializar produtos mais sofisticados, de maior valor agregado.
Trata-se de raciocinar cada vez
mais em termos de "agroindústria" e
de trabalhar para que a pauta de exportações seja mais diversificada.
Nesse sentido, é preciso também implantar políticas industriais que induzam vantagens comparativas, estimulando a competitividade de determinados setores para que possam
conquistar mercados e substituir importações. E quanto a isso, o governo
vem agindo com lentidão.
Próximo Texto: Editoriais: DÓLAR FRACO, EUA FORTES Índice
|