São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2011

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Emprego em alta

Desaceleração do ritmo da economia não alcançou mercado de trabalho, em que predominam acordos salariais acima da inflação

A despeito da expectativa de desaceleração na economia no início deste ano, o mercado de trabalho continua a trazer surpresas. Segundo o Ministério do Trabalho, foram criados 448.742 empregos formais no primeiro bimestre, um recorde para o período.
A taxa de desemprego medida pelo IBGE nas seis principais regiões metropolitanas se aproxima de 6%, a menor da série histórica. Em paralelo, acumulam-se evidências de aceleração dos ganhos salariais acima da inflação.
Dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que 89% das 700 negociações salariais conduzidas em 2010 conseguiram reajustes acima do INPC. Em 2009, haviam sido 80%.
É inegável que a expansão do mercado de trabalho fortalece a economia e a redução das desigualdades. O aumento dos salários acima da inflação também pode ser positivo, desde que não exceda o limite do crescimento da produtividade da economia.
O avanço dos salários muito acima da produtividade realimenta a inflação, prejudica a competitividade do país e, no médio prazo, dificulta a geração continuada de empregos. No setor industrial, o problema já se coloca: nos 12 meses encerrados em janeiro, a produtividade se manteve quase estagnada, ao passo que a folha de pagamento cresceu 4,3%.
A esse descasamento se soma o problema da valorização cambial, o que redunda em dano à competitividade da indústria: o custo salarial medido em dólares subiu 12% em 2010 e acumula alta de 40% desde o início de 2008.
Um dos grandes desafios do governo está em evitar que o aumento dos custos trabalhistas destrua os ganhos trazidos com a geração de empregos, pois o recrudescimento da inflação corrói antes de mais nada o próprio poder aquisitivo dos salários. Conter temporariamente o ritmo de crescimento da economia faz parte do receituário, mas é necessário avançar na regulação trabalhista, área que ficou abandonada no governo Lula.
A presidente Dilma Rousseff tem se manifestado a favor da redução de encargos sobre a folha de pagamentos, perspectiva correta. É preciso ainda buscar maior flexibilidade nas relações de emprego, pois a rigidez atual implica grande incentivo para manter amplas parcelas da população prisioneiras da informalidade.


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