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FARSAS DE GUERRA São bastante graves as acusações feitas pelo chefe dos inspetores de armas da ONU, Hans Blix,
de que os EUA e o Reino Unido utilizaram documentos falsos para tentar defender a ação contra o Iraque.
Já era chocante o fato de as tropas
invasoras não terem ainda localizado
nenhuma das tão temidas armas de
destruição em massa, que oficialmente motivaram a intervenção militar. Agora Blix revela que parte "importante" dos documentos em que
Washington e Londres se basearam
para tentar convencer a comunidade
internacional de que o conflito era
justo não passava de falsificação.
A prudência exige que se pare um
pouco antes de acusar os governos
norte-americano e/ou britânico de
terem forjado eles próprios os documentos. Como bem observou Blix, o
fato de Washington e Londres terem
utilizado papéis falsos não significa
necessariamente que fraude tenha sido perpetrada pela Casa Branca ou
por Downing Street.
O benefício da dúvida, contudo,
não explica como os serviços secretos americano e britânico deixaram
de perceber -e apontar- que os
documentos empregados não eram
autênticos. O secretário de Estado
dos EUA, Colin Powell, utilizou pessoalmente esses papéis em comunicação que fez ao Conselho de Segurança da ONU. E Blix muito oportunamente lembrou que bastou à AIEA
(Agência Internacional de Energia
Atômica) obter uma cópia de um suposto contrato de compra de 500 kg
de urânio entre o Iraque e Níger citado por Powell para concluir que o
acordo não passava de uma fraude.
A guerra seria condenável mesmo
se George W. Bush tivesse atacado o
Iraque por acreditar sinceramente
que Saddam Hussein possuísse armas de destruição em massa. Há,
porém, agora a plausível hipótese de
que os próprios governos americano
e/ou britânico tenham forjado ou utilizado fraudulentamente "provas"
para deflagrar o conflito. Se essa suspeita se confirmar, Bush e seus asseclas terão destruído aquele mínimo
de decência que se esperava dos líderes dos EUA e do Reino Unido.
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