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Painel do leitor
Vazio político
"O vácuo criado pela morte de Serjão
e Luís Eduardo Magalhães explicita a
indigência de lideranças políticas no
Brasil e faz recordar que essa é uma das
consequências do período da ditadura
militar, tão cruel com os jovens daquele tempo."
Nilza Bellini (São Paulo, SP)
Ação Popular
"Dos seis integrantes da direção nacional que reorganizou a Ação Popular
em 1965, quatro não estão mais entre
nós: Paulo Wright, preso e torturado
até a morte; Jair de Sá, abatido por um
infarto fulminante; Herbert de Souza, o
Betinho, desaparecido recentemente; e
agora Sérgio Motta. Restamos Aldo
Arantes e eu.
Serjão, ou Rodrigo, seu nome de luta,
ocupava nesse grupo um lugar especial.
Prático, organizador, garantia a ligação
com São Paulo e o apoio administrativo
às atividades da direção. Briguento,
mas afetuoso, conseguia divergir sem
inviabilizar a convivência.
A trajetória do grupo de 1965 evidencia as vicissitudes que sacudiram o país
nas últimas décadas e as diferenças de
opções que fizemos. Mas só personalidades públicas dotadas de uma integridade humana básica desaparecem, como Sérgio, cercadas pelo respeito e pela
estima de correligionários, aliados e
adversários."
Duarte Pacheco Pereira (São Paulo,
SP)
Estatística da dor
"No "dogma do alto capitalismo'
(não podemos esquecer que o comunismo não passa de capitalismo de Estado), o ser humano é mera indicação
estatística. Isso fica plenamente concretizado na Folha de 19/4. No artigo de
Roberto Campos, são comparadas as
estatísticas aritméticas macabras dos
países comunistas (com seus milhões
de mortos) e a estatística dos "anos de
chumbo', com 288 mortos, para concluir que nossos números empalidecem quando comparados aos dos países comunistas.
Nesse jogo macabro e cínico de números, esquece o principal: a questão
não é quem matou ou matará mais. O
ponto principal é: a violação da dignidade humana praticada mesmo contra
uma só pessoa deve merecer nosso
mais veemente repúdio."
Edgard Alves Feitosa (Porto Velho,
RO)
Torturados e torturadores
"Fiel e coerente na busca da imparcialidade, abrindo suas páginas à controvérsia, a Folha de 8/4 nos deu dois
artigos, variação sobre o tema da tortura e dos torturados.
O primeiro artigo, do polivalente
ex-senador e coronel da reserva do
Exército Jarbas Passarinho, parece tão
híbrido quanto ele. Passarinho se coloca, na sociedade, como crítico da tortura. Mas, como militar, argumenta justificando-a contra "guerrilheiros'.
Anistia é esquecimento. Houve anistia. Tanto que não se punem os agentes.
Mas hoje se cobra do Estado, que tomou partido dos usurpadores do poder, que levaram setores da oposição
democrática ao desespero. Zuzu Angel,
por acaso, era guerrilheira? Centenas
de ideólogos marxistas -como frei Tito- também o eram?
O outro artigo, de Elio Gaspari, desenvolve a tese de que a confissão sob
tortura não faz do traidor o alcaguete.
Claro!"
Dilermando Nonato Cruz (Rio de Janeiro, RJ)
Preocupações adolescentes
"As últimas eleições foram marcadas
pela menor participação do jovem de
16 e 17 anos. Na minha opinião, alguns
jovens estão ansiosos para saber qual
será a próxima loura do Tchan, outros
se preocupam com seu pai desempregado, e os que não se incluem nessa lista ainda têm um outro problema: não
sabem se estão preparados."
Tarciso Oliveira Soares (Ribeirão
Preto, SP)
O índio esquecido
"Foi com grande pesar que não encontrei nenhuma reportagem, nem ao
menos uma nota, sobre o "Dia do Índio', comemorado em 19/4.
Não sou nenhum defensor das causas
indígenas, apenas um pai em busca de
reportagem para um trabalho da filha
na escola."
Lauro Barbosa (Porto Alegre, RS)
Perdão incondicional
"Na edição de 18/4, reportagem publicada em Mundo sobre o Santo Sudário contém um engano. Por intermédio
do padre ou não, a misericórdia divina
perdoa todos os pecados, desde que haja arrependimento e propósito de não
mais cometê-los. Não há pecado imperdoável nem circunstâncias especiais, como a visita ao Santo Sudário a
Turim, para o seu perdão. O aborto
também está entre eles."
Claudia Sandim (Pindamonhangaba, SP)
Greve nas universidades
"O apoio explícito dos estudantes
das universidades federais ao movimento de greve dos professores é algo
que sempre me causou perplexidade.
Ora, os estudantes são os principais
"clientes' dos serviços prestados pelas
universidades e, portanto, os principais prejudicados. Não deveriam exercer seu direito de exigir os serviços? Ir
para a rua "quebrar o pau'? Exigir do
governo o fim imediato da greve e o
restabelecimento das aulas?
Seria, no meu entender, o óbvio, o
mínimo necessário para "cutucar' o
Ministério da Educação, procurando
forçá-lo a uma negociação rápida e incisiva para que o incômodo fosse abreviado o mais rápido possível."
Antonio Manuel C. P. Fernandes
(Goiânia, GO)
"Fazer política"
"Respondo ao sr. Vespasiano Santos
("Painel do Leitor' de 18/4) e aos representantes e simpatizantes do governo federal que pensam estar criticando
o MST ao atribuir-lhe caráter puramente "político'.
O sr. Vespasiano Santos diz que hoje
o MST faz só "política', "já não é o
movimento que defende o assentamento do homem na terra'. Então isso não
seria política? Infelizmente até pessoas
bastante esclarecidas entendem que
"fazer política' é conquistar popularidade com finalidade eleitoral. Não sou
nem fui do MST, nem defendo seus
métodos. Mas é preciso dizer que todo
cidadão, numa democracia, tem o direito de se manifestar -até quem, por
exemplo, já possui terra e continua lutando pelos assentamentos. "Fazer política' é posicionar-se como cidadão
-o que não pode ser considerado procedimento espúrio e torpe."
Paulo Roberto Maturano Santoro
(São Paulo, SP)
Reajustes inexplicáveis
"Sem entrar no mérito de outras
"atrocidades' contra o contribuinte,
relato abaixo os reajustes nos valores
de licenciamento (seguro obrigatório)
de carro, apenas como exemplo, já que
o exposto é apenas uma gotinha no
"oceano' de desmandos dos governos.
Em 1997, o seguro obrigatório era de
R$ 37,66; em 1998 passou para R$
49,20, aumentando 30,6%.
O objetivo não é criticar valores, mas
apenas querer entender os critérios
adotados."
Sergio Milanello (São Paulo, SP)
Violência e cidadania
"São Paulo nunca foi tão violenta.
Essa é constatação da Folha. Se as coisas continuarem como estão, 1998 poderá ser o ano mais violento da história
de São Paulo.
Mas esperem um pouco! Não foram
realizadas campanhas de desarmamentos do tipo "Sou da paz', não houve
campanhas para trocar armas por cestas básicas? E os índices de violência?
Só aumentaram! Sejamos honestos:
bandido não dá bola para passeata e
não troca fuzil por cesta básica."
Jóster Ferreira de Macedo (Florianópolis, SC)
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