São Paulo, quinta, 23 de abril de 1998

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Painel do leitor


Vazio político
"O vácuo criado pela morte de Serjão e Luís Eduardo Magalhães explicita a indigência de lideranças políticas no Brasil e faz recordar que essa é uma das consequências do período da ditadura militar, tão cruel com os jovens daquele tempo."
Nilza Bellini (São Paulo, SP)


Ação Popular

"Dos seis integrantes da direção nacional que reorganizou a Ação Popular em 1965, quatro não estão mais entre nós: Paulo Wright, preso e torturado até a morte; Jair de Sá, abatido por um infarto fulminante; Herbert de Souza, o Betinho, desaparecido recentemente; e agora Sérgio Motta. Restamos Aldo Arantes e eu.
Serjão, ou Rodrigo, seu nome de luta, ocupava nesse grupo um lugar especial. Prático, organizador, garantia a ligação com São Paulo e o apoio administrativo às atividades da direção. Briguento, mas afetuoso, conseguia divergir sem inviabilizar a convivência.
A trajetória do grupo de 1965 evidencia as vicissitudes que sacudiram o país nas últimas décadas e as diferenças de opções que fizemos. Mas só personalidades públicas dotadas de uma integridade humana básica desaparecem, como Sérgio, cercadas pelo respeito e pela estima de correligionários, aliados e adversários."
Duarte Pacheco Pereira (São Paulo, SP)


Estatística da dor

"No "dogma do alto capitalismo' (não podemos esquecer que o comunismo não passa de capitalismo de Estado), o ser humano é mera indicação estatística. Isso fica plenamente concretizado na Folha de 19/4. No artigo de Roberto Campos, são comparadas as estatísticas aritméticas macabras dos países comunistas (com seus milhões de mortos) e a estatística dos "anos de chumbo', com 288 mortos, para concluir que nossos números empalidecem quando comparados aos dos países comunistas.
Nesse jogo macabro e cínico de números, esquece o principal: a questão não é quem matou ou matará mais. O ponto principal é: a violação da dignidade humana praticada mesmo contra uma só pessoa deve merecer nosso mais veemente repúdio."
Edgard Alves Feitosa (Porto Velho, RO)

Torturados e torturadores
"Fiel e coerente na busca da imparcialidade, abrindo suas páginas à controvérsia, a Folha de 8/4 nos deu dois artigos, variação sobre o tema da tortura e dos torturados.
O primeiro artigo, do polivalente ex-senador e coronel da reserva do Exército Jarbas Passarinho, parece tão híbrido quanto ele. Passarinho se coloca, na sociedade, como crítico da tortura. Mas, como militar, argumenta justificando-a contra "guerrilheiros'.
Anistia é esquecimento. Houve anistia. Tanto que não se punem os agentes. Mas hoje se cobra do Estado, que tomou partido dos usurpadores do poder, que levaram setores da oposição democrática ao desespero. Zuzu Angel, por acaso, era guerrilheira? Centenas de ideólogos marxistas -como frei Tito- também o eram?
O outro artigo, de Elio Gaspari, desenvolve a tese de que a confissão sob tortura não faz do traidor o alcaguete. Claro!"
Dilermando Nonato Cruz (Rio de Janeiro, RJ)

Preocupações adolescentes

"As últimas eleições foram marcadas pela menor participação do jovem de 16 e 17 anos. Na minha opinião, alguns jovens estão ansiosos para saber qual será a próxima loura do Tchan, outros se preocupam com seu pai desempregado, e os que não se incluem nessa lista ainda têm um outro problema: não sabem se estão preparados."
Tarciso Oliveira Soares (Ribeirão Preto, SP)

O índio esquecido

"Foi com grande pesar que não encontrei nenhuma reportagem, nem ao menos uma nota, sobre o "Dia do Índio', comemorado em 19/4.
Não sou nenhum defensor das causas indígenas, apenas um pai em busca de reportagem para um trabalho da filha na escola."
Lauro Barbosa (Porto Alegre, RS)




Perdão incondicional
"Na edição de 18/4, reportagem publicada em Mundo sobre o Santo Sudário contém um engano. Por intermédio do padre ou não, a misericórdia divina perdoa todos os pecados, desde que haja arrependimento e propósito de não mais cometê-los. Não há pecado imperdoável nem circunstâncias especiais, como a visita ao Santo Sudário a Turim, para o seu perdão. O aborto também está entre eles."
Claudia Sandim (Pindamonhangaba, SP)


Greve nas universidades

"O apoio explícito dos estudantes das universidades federais ao movimento de greve dos professores é algo que sempre me causou perplexidade.
Ora, os estudantes são os principais "clientes' dos serviços prestados pelas universidades e, portanto, os principais prejudicados. Não deveriam exercer seu direito de exigir os serviços? Ir para a rua "quebrar o pau'? Exigir do governo o fim imediato da greve e o restabelecimento das aulas?
Seria, no meu entender, o óbvio, o mínimo necessário para "cutucar' o Ministério da Educação, procurando forçá-lo a uma negociação rápida e incisiva para que o incômodo fosse abreviado o mais rápido possível."
Antonio Manuel C. P. Fernandes (Goiânia, GO)


"Fazer política"

"Respondo ao sr. Vespasiano Santos ("Painel do Leitor' de 18/4) e aos representantes e simpatizantes do governo federal que pensam estar criticando o MST ao atribuir-lhe caráter puramente "político'.
O sr. Vespasiano Santos diz que hoje o MST faz só "política', "já não é o movimento que defende o assentamento do homem na terra'. Então isso não seria política? Infelizmente até pessoas bastante esclarecidas entendem que "fazer política' é conquistar popularidade com finalidade eleitoral. Não sou nem fui do MST, nem defendo seus métodos. Mas é preciso dizer que todo cidadão, numa democracia, tem o direito de se manifestar -até quem, por exemplo, já possui terra e continua lutando pelos assentamentos. "Fazer política' é posicionar-se como cidadão -o que não pode ser considerado procedimento espúrio e torpe."
Paulo Roberto Maturano Santoro (São Paulo, SP)


Reajustes inexplicáveis

"Sem entrar no mérito de outras "atrocidades' contra o contribuinte, relato abaixo os reajustes nos valores de licenciamento (seguro obrigatório) de carro, apenas como exemplo, já que o exposto é apenas uma gotinha no "oceano' de desmandos dos governos.
Em 1997, o seguro obrigatório era de R$ 37,66; em 1998 passou para R$ 49,20, aumentando 30,6%.
O objetivo não é criticar valores, mas apenas querer entender os critérios adotados."
Sergio Milanello (São Paulo, SP)


Violência e cidadania

"São Paulo nunca foi tão violenta. Essa é constatação da Folha. Se as coisas continuarem como estão, 1998 poderá ser o ano mais violento da história de São Paulo.
Mas esperem um pouco! Não foram realizadas campanhas de desarmamentos do tipo "Sou da paz', não houve campanhas para trocar armas por cestas básicas? E os índices de violência? Só aumentaram! Sejamos honestos: bandido não dá bola para passeata e não troca fuzil por cesta básica."
Jóster Ferreira de Macedo (Florianópolis, SC)



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