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O "JOGO DA DIREITA"
No esforço que tem feito para
conter a insatisfação de seus
próprios militantes com as diretrizes
do novo governo, o PT já recorreu a
uma série de medidas, como a tentativa de convencimento, repreensões,
advertências e ameaça de expulsão.
Os resultados não têm sido animadores para a cúpula partidária. Com
o encaminhamento da reforma da
Previdência, a estridência dos dissidentes elevou-se. O tópico referente à
taxação de inativos vem alimentando
manifestações do funcionalismo
com apoio aberto de parlamentares e
militantes do PT.
Incapaz de domar seus Babás e Heloísas Helenas, para citar dois símbolos da rebeldia esquerdista, a cúpula petista parece não saber mais a
que expedientes recorrer. Na abertura do 48º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), o presidente do partido, José Genoino, lançou mão de um conhecido raciocínio
político: as críticas endereçadas ao
governo por aliados fariam "o jogo
da extrema direita".
Há muito tempo não se ouvia esse
argumento surrado, tão característico de governos e militantes da velha
esquerda. Era o se costumava dizer, à
época da União Soviética, aos críticos da burocracia, do stalinismo e do
autoritarismo socialista. Quem,
mesmo de esquerda, e ainda coberto
de razão, disparasse contra a "pátria
do socialismo" estaria sempre "fazendo o jogo da direita". Era, portanto, recomendável e preferível silenciar sobre os evidentes desvios a enfraquecer a causa socialista aos olhos
dos partidários da "reação".
É compreensível o desconforto do
PT com suas hostes esquerdistas. A
gritaria dos dissidentes atrapalha,
enfraquece as medidas governamentais, despende energias. Seria, no entanto, mais racional se o partido pudesse convencer seus militantes de
que está agindo corretamente e que
segue um projeto coerente com suas
tradições. É essa a grande dificuldade: até aqui a administração Lula limitou-se, a par da retórica e com pequenas variações, a reproduzir políticas da gestão anterior.
Não era o que estava no programa.
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