|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Onipresentes
BRASÍLIA - De volta à labuta, vejo
que o presidente da República está
em todas e... falando bobagens, depois que o novo recorde de popularidade lhe subiu à cabeça.
Lula defende: 1) o indefensável
Sarney, que não pode ser tratado
como "cidadão comum" porque
tem, ou tinha, força incomum para
empurrar o PMDB para Dilma; 2) o
indefensável desmatamento, porque não quer confusão com Blairo
Maggi e desmatadores em geral,
que costumam ter bons argumentos ($) em eleições. E condena o
"denuncismo", como se ele, Lula, e
o PT jamais tivessem usado denuncismo nenhum contra ninguém.
Mas Lula não ficou por aí. Atacou
também no front externo, ao defender o indefensável regime do aiatolá Ali Khamenei e desqualificar em
solo internacional a legítima, aflita
e corajosa resistência iraniana como "chororô" de derrotados.
Se defender Sarney e madeireiros
tem pelo menos a lógica oportunista da política interna, defender
Khamenei e Ahmadinejad não tem
lógica, nem graça, nenhuma. E não
foi só uma gafe, foi uma agressão
gratuita contra a oposição, como se
ele, Lula, e o PT jamais tivessem sofrido as dores de ser oposição.
Também vejo que o presidente
do Senado está em todas, e a cada
dia fica mais claro o quanto ele
mandava em Agaciel Maia e em outros burocratas que vendiam atos
secretos a peso de ouro, salários ilegais e casas milionárias. O senador
Arthur Virgílio decidiu implodir
tudo isso.
Sarney já está na história como
ex-presidente da República, tri-presidente do Senado, dono do Maranhão e arrendatário do Amapá.
Poderia no final da carreira sacudir
o patrimonialismo e arejar a alma
oligarca, aliviando o erário do peso
de cunhadas, sobrinhos, primos,
apadrinhados e mordomos particulares, fora os que nunca vai se saber.
E, como são dois senadores Sarney (um de volta a São Luís), a prática é ao quadrado. Custa caro. Senado, Maranhão e Amapá pagam. E
você entra pelo cano.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: Frankfurt - Clóvis Rossi: O virtual e o sangue (real) Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: A moça e o analista Índice
|