São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Por um novo trabalhismo
PAULO PEREIRA DA SILVA
Quase 40 anos depois, as condições são extremamente propícias para a rearticulação das verdadeiras forças trabalhistas em torno do grande e histórico líder Leonel Brizola, com quem estreitei os laços ao longo da campanha presidencial. Tanto ele quanto eu entendemos que o mundo e o Brasil mudaram muito nas últimas décadas e que nosso país precisa de reformas amplas e profundas. Ambos sabemos que tais reformas precisam acabar com os privilégios iníquos, obtidos de maneira imoral -às vezes até ilegal- por uma elite que vive à custa do Estado e da sociedade. Tanto ele quanto eu sabemos que o país precisa de um novo modelo econômico e social, pois uma nação pode até crescer e se tornar rica, mas não será democrática e justa se tal riqueza não for distribuída. Ambos sabemos que cabe ao Estado suprir seus cidadãos com serviços de alta qualidade, principalmente na saúde, na educação, no saneamento, na segurança e na infra-estrutura. E mais, nós sabemos que um trabalhismo moderno se sustenta quando o partido e os sindicatos de sua base dedicam-se ao diálogo crítico e respeitoso tanto com o capital quanto com o governo, participando juntos da construção desse novo modelo, criticando os excessos do capitalismo selvagem e os possíveis erros do governo. Esse tem sido o comportamento da Força Sindical desde sua fundação. Sempre reagimos com ironia aos que nos acusaram de estar a serviço do governo, principalmente do anterior, pelo fato de que apoiamos a reeleição do presidente. Ora, para tristeza dos trabalhadores, o governo reeleito não honrou os compromissos assumidos na campanha, persistindo num modelo econômico que continuou transferindo renda do setor produtivo para o financeiro. Uma pesada herança, com a qual o atual governo se defronta, num momento aliás bastante delicado, em que a sociedade organizada já se dividiu, parte com mais paciência, parte já ansiosa pelo início das mudanças prometidas. Não foi por outro motivo, senão por discordar desse modelo, que apoiamos o candidato de oposição Ciro Gomes e, no segundo turno, o próprio Lula. Agora no PDT, manteremos nossa coerência: confiamos nas promessas do presidente Lula, mas suspeitamos de que a manutenção da política econômica do governo anterior não será boa para os trabalhadores e cidadãos. Apesar das justificativas da equipe econômica, consideramos que o presidente Lula pode estar sendo enganado -como outros presidentes o foram- por assessores ortodoxos e excessivamente cautelosos em seus movimentos (ou não-movimentos) na direção de mudanças necessárias e substanciais. Nos últimos meses, integrantes do PTB solicitaram meu retorno ao partido, ao mesmo tempo em que recebi propostas para filiação ao PPS, ao PSDB e até ao PPB (hoje PP). Minha decisão já foi tomada: será no PDT, na vida partidária e sindical interligadas, cada qual no seu papel, juntando forças, que continuaremos lutando pela verdadeira e necessária transformação econômica, social e cultural do país. Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, 47, é o presidente nacional da Força Sindical. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Oded Grajew: Os filhos do Brasil Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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