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ELIANE CANTANHÊDE
O fator HH
BRASÍLIA - Lula decidiu voltar às
ruas e, além dos comícios deste fim
de semana no Nordeste, vai desfilar
por Brasília todo dia um pouco -o
suficiente para imagens bem populares no horário nobre das TVs.
Não deixa de ser um efeito das
pesquisas, que mostram Alckmin
ali nos 30% e Heloísa Helena crescendo. Antes, Lula aparecia sozinho. Agora, as TVs tentam distribuir irmamente o tempo entre os
candidatos, de certa forma antecipando o horário eleitoral, que começa em 15 de agosto.
O principal adversário de Lula é
Alckmin, mas, no abraça-abraça e
no fala-fala da campanha de rua,
quem compete com ele é outro, ou
melhor, outra: contundente, mulher, nordestina e "do povo", Heloísa Helena é o Lula de saia (apesar de
só usar calça jeans) e o Lula de antigamente -a mesma empatia, o
mesmo calor, a mesma indignação.
Quanto a Alckmin, ele até se esforça, mas não convence no personagem "povão". O carioca FHC comendo buchada em 1994 e Alckmin
dançando forró em 2006 não passam de paulistas fingindo ser do Cariri. No lado oposto, Cristóvam
Buarque é o pernambucano fingindo que é paulista. Já para Lula e
HH, porém, tudo parece naturalíssimo. E dá voto.
PT e PSDB contabilizam perdas e
ganhos com o vigor de HH. Para Lula, é ruim que ela aumente o risco de
segundo turno, mas é bom que tire
votos de Alckmin. Para Alckmin, é
bom que ela aumente o risco de segundo turno, mas é ruim que tire
votos... dele mesmo.
O mais provável é que a senadora
acelere agora, mas reduza a marcha
ao longo da propaganda gratuita,
porque não tem estrutura partidária nem tanto tempo na TV quanto
Lula ou Alckmin. Dê no que dê, a
candidatura dela é relevante, mexe
no tabuleiro e lembra: nada como o
bom e velho corpo-a-corpo. Transmitido em rede, evidentemente.
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