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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
A importância
da Petrobras
NA ÚLTIMA reunião do G8,
realizada em São Petersburgo, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, além da força
de anfitrião, mostrou grande desenvoltura ao propor e ter aprovada a discussão da questão energética no mundo. Até aí, nada de novo,
pois a escassez de petróleo, gás e
outros energéticos preocupa todos
os países.
Mas a mensagem de Putin foi
além da proposta. Ele quis dizer
que a Rússia está de volta e quer
utilizar seus recursos naturais como uma alavanca para voltar a ter
poder no mundo. Esse desejo não é
sonho. Ele faz parte de uma complexa maquinaria que vem sendo
montada para restabelecer o controle do Estado nas áreas mais estratégicas. O país passa por uma fase de reanimação intensiva das megaempresas estatais. Para se ter
uma idéia, a Gazprom, que cuida do
gás natural, tem um faturamento
de US$ 225 bilhões por ano, quase
40% do PIB brasileiro (US$ 600 bilhões). É um número fenomenal.
Peça por peça, Putin vem remontando tais empresas, tendo à frente
seus antigos colegas da polícia secreta da KGB. Trata-se de um casamento bem entrosado entre o poder econômico e o poder político.
Esses executivos dominam não
apenas as empresas de gás e petróleo, mas também as usinas nucleares, os metais, o armamento, a aviação, o transporte e até os jornais,
rádio e televisão.
A oligarquia dos tempos de Boris
Yeltsin e antecessores, que Putin
se dispôs a eliminar, está sendo rapidamente recriada, usando as empresas estatais para restabelecer o
controle do Kremlin. Segundo matéria publicada em jornal britânico, até os juízes estão dando preferência às empresas estatais nas disputas judiciais que têm de julgar
("Back in Business", "Financial Times", 19/6/06). O Estado russo
-relembrando o Estado soviético- está se tornando o maior "player" nos movimentos de fusões e
aquisições de empresas.
Esse tipo de estratégia é perigosa
e põe em risco o quadro energético
mundial. Como a Rússia dispõe de
muitos recursos naturais, agora,
com o poder concentrado e nas
mãos do governo, as empresas tenderão a exercer forte pressão sobre
as nações consumidoras -um
complicador a mais no conturbado
cenário mundial.
Oxalá a nossa Petrobras continue trabalhando serenamente,
descobrindo energéticos e se mantendo fora do jogo político, porque
a concorrência -que já é brava-
deverá apertar ainda mais, com
grande possibilidade de inúmeras
elevações artificiais do preço do gás
e do petróleo no mercado internacional.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
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