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ELIANE CANTANHÊDE
Casa de Zumbis
BRASÍLIA - Na Presidência, José
Sarney não tem condições de presidir sessão nenhuma, arrastando os
pés tristemente do gabinete ao plenário sob uma nuvem de ostracismo. Sua voz e sua mão nunca mais
vão parar de tremer na tribuna.
Na liderança do PT, Aloizio Mercadante é um fantasma dele mesmo, numa função fantasma. Líder
de uma bancada subjugada pelo
Planalto e que se desfez em pedaços
e em intrigas, ele não fala mais para
seus pares petistas, nem para a base
aliada, nem para a oposição.
Na liderança do PSDB, o principal partido da oposição, Arthur Virgílio engaveta os seus discursos irados e recheados de um certo lustre
intelectual para conviver hoje,
amanhã e sempre com o depósito
feito por Agaciel Maia para pagar
hotel em Paris e com os milhares de
reais que saíram do público para financiar o estudo privado de um
amigo assessor.
Sarney, Mercadante e Virgílio são
zumbis de um Senado zumbi. E não
só do Senado, mas da política.
Sarney, o veterano de fala mansa
e conversa agradável, não teve mais
condições de eleger a filha Roseana
ao governo do Maranhão e levou
um suadouro de uma delegada negra e estreante nas eleições no
Amapá. Enfraquecido em seus três
feudos -o Maranhão, o Amapá e o
Senado-, vai se agarrar desesperadamente a Lula, ao preço da aliança
formal do PMDB com Dilma.
Mercadante, que se regozijava
com a condição de senador mais votado do país, hoje já não dá para o
gasto. Vêm aí as eleições para o governo de São Paulo, mas ninguém
fala no nome do senador mais votado do Estado. Aliás, como veio o governo "do amigo" Lula, mas ninguém falou no seu grande assessor
econômico para a Fazenda.
E Virgílio, uma ilha nos mais de
80% de Lula no Amazonas, entrou
na política como jovem brilhante e
está para sair como neurótico estridente e inconsequente.
É um resumo cruel. Mas, infelizmente, verdadeiro.
elianec@uol.com.br
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