São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em marcha lenta

NENHUM governante ou candidato hesita antes de louvar as benesses do investimento em educação. Especialmente loquaz a esse respeito, a administração petista chega mesmo a atribuir às deficiências no ensino a origem da iniqüidade social brasileira. Pela primeira vez em 13 anos, porém, há indícios de estagnação no acesso de jovens à escola e no recuo dos índices de analfabetismo.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2005, houve pelo segundo ano consecutivo um aumento no percentual de brasileiros de 15 a 17 anos fora das escolas. Desde 1993, quando estava em 38,1%, o índice vinha caindo em ritmo expressivo. Dez anos depois, chegou a 17,6%. Desde então, contudo, a taxa retrocedeu para 18%, o que representa um universo de 1,9 milhão de adolescentes de 15 a 17 anos sem estudar.
A reversão nos índices de queda tem início em 2003. Salta aos olhos a dificuldade das várias esferas de governo em implementar uma política eficaz para essa faixa. É preciso criar mecanismos de estímulo à permanência dos alunos em sala de aula. A principal iniciativa do Ministério da Educação para injetar recursos de municípios, Estados e União no ensino médio -o Fundeb- ainda não encontrou meios para se viabilizar. O resultado, como se vê, começa a aparecer nos números.
Vale o mesmo para o analfabetismo. Quando assumiu o governo, o Partido dos Trabalhadores alardeou que alfabetizaria 20 milhões de brasileiros com mais de 15 anos de idade. Os indicadores da Pnad de 2005 frustram as expectativas mais pessimistas: em três anos, foram apenas 213 mil adultos alfabetizados.


Texto Anterior: Editoriais: Operação dossiê
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: "Insanos", mas trambiqueiros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.