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O BRASIL E O FMI
Os sinais de que estaria em curso
um entendimento entre o Brasil e o
Fundo Monetário Internacional
(FMI) despertaram reações de alívio,
mas também de preocupação.
O FMI passou por um significativo
desgaste desde que eclodiu a crise
asiática. Da falta de recursos para enfrentar uma crise tão ampla ao desastre de suas receitas de ajuste, passando pelo desgaste da instituição no
Congresso dos EUA, há razões de sobra para suspeitar do valor e da eficácia de sua ajuda. Para o Brasil ela parece, no entanto, inevitável.
O colapso da economia russa é
exemplar. O FMI ofereceu cerca de
US$ 22 bilhões ao governo russo,
mas isso não evitou a moratória.
Mais grave, porém, é a revelação de
que os recursos afinal desembolsados simplesmente sumiram.
O chanceler da Alemanha, Helmut
Kohl, chegou a afirmar que "não se
justifica" mandar mais dinheiro para
a Rússia, diante da revelação feita pelo auditor-chefe russo, Veniamin Sokolov, de que boa parte da ajuda do
FMI ao país foi perdida. Segundo o
auditor, bilhões foram perdidos por
incompetência e corrupção.
Embora essa revelação torne ainda
mais dramática a situação da Rússia,
ela não é menos constrangedora no
que se refere às condições em que
atua o próprio Fundo.
Afinal, é no mínimo preocupante
descobrir uma total ausência de capacidade de monitoramento daquela
que, em tese, deveria ser a mais bem
instrumentada instituição multilateral de financiamento.
Para o Brasil, as perspectivas tornam-se portanto ainda mais delicadas. A inépcia do FMI resulta principalmente, entre governos, credores e
técnicos do próprio Fundo, em cautela e exigências ainda mais rigorosas antes da concessão de créditos.
A pergunta crucial é: quais as garantias que o governo brasileiro pode
oferecer, hoje, quanto à inexistência
de "ralos" nas contas do país?
Sem garantias de controle fiscal e
de ajuste no comércio exterior, o
apoio do FMI poderá não apenas tardar, mas se revestir de exigências
ainda mais draconianas.
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