São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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ELIANE CANTANHÊDE

O demolidor

BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, não perdoa. Depois de chamar o esquema petista do mensalão de "quadrilha", ontem ele atingiu dois alvos com uma só penada: a coordenação política do governo e o congresso/convenção do PSDB.
No Planalto, Lula às voltas com a queda do ministro Walfrido dos Mares Guia. No PSDB, o fantasma do senador Eduardo Azeredo.
Mares Guia e Azeredo, ex-presidente tucano, são os pais do esquema Marcos Valério de financiamento de campanhas, que na era petista evoluiu para compra de apoio parlamentar ao governo. Uns criaram, outros refestelaram-se.
O PT passou oito anos chamando o governo FHC de corrupto. O PSDB devolveu comemorando no governo Lula os Waldomiros, mensaleiros, caseiros e aloprados. Era dois a um, depois inverteu o placar. Mas a entrada de Azeredo no mesmo campo da ética zera o jogo. Empatou. A torcida não sabe quem aplaudir, quem vaiar.
O próprio encontro tucano de ontem deixou claro que o discurso ético está fora de moda, na base do "vamos deixar isso pra lá". Dez entre dez discursos focaram na ameaça golpista, real ou não, de terceiro mandato para Lula.
Como sempre, a base aliada deu uma mãozinha aos tucanos, pois justamente ontem tentou atropelar a pauta na Câmara para fazer avançar a emenda dos mandatos múltiplos. Duas derrotas: a manobra não deu certo e virou prato feito para o encontro do PSDB.
Na disputa pelos holofotes de 2010, Aécio Neves ganhou fácil de José Serra: chegou atrasado e bem no meio da fala técnica e fria de Serra. Roubou-lhe a cadeira e os flashes. Por fim, arrasou com um discurso emocional que acabou num grito de campanha: "Nos aguardem.
Em 2010, é PSDB de novo!" Mas o grande vitorioso de ontem foi outro: Antonio Fernando Souza, o demolidor.


elianec@uol.com.br

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