|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
O demolidor
BRASÍLIA - O procurador-geral
da República, Antonio Fernando
Souza, não perdoa. Depois de chamar o esquema petista do mensalão
de "quadrilha", ontem ele atingiu
dois alvos com uma só penada: a
coordenação política do governo e o
congresso/convenção do PSDB.
No Planalto, Lula às voltas com a
queda do ministro Walfrido dos
Mares Guia. No PSDB, o fantasma
do senador Eduardo Azeredo.
Mares Guia e Azeredo, ex-presidente tucano, são os pais do esquema Marcos Valério de financiamento de campanhas, que na era
petista evoluiu para compra de
apoio parlamentar ao governo. Uns
criaram, outros refestelaram-se.
O PT passou oito anos chamando
o governo FHC de corrupto. O
PSDB devolveu comemorando no
governo Lula os Waldomiros, mensaleiros, caseiros e aloprados. Era
dois a um, depois inverteu o placar.
Mas a entrada de Azeredo no mesmo campo da ética zera o jogo. Empatou. A torcida não sabe quem
aplaudir, quem vaiar.
O próprio encontro tucano de ontem deixou claro que o discurso ético está fora de moda, na base do
"vamos deixar isso pra lá". Dez entre dez discursos focaram na ameaça golpista, real ou não, de terceiro
mandato para Lula.
Como sempre, a base aliada deu
uma mãozinha aos tucanos, pois
justamente ontem tentou atropelar
a pauta na Câmara para fazer avançar a emenda dos mandatos múltiplos. Duas derrotas: a manobra não
deu certo e virou prato feito para o
encontro do PSDB.
Na disputa pelos holofotes de
2010, Aécio Neves ganhou fácil de
José Serra: chegou atrasado e bem
no meio da fala técnica e fria de Serra. Roubou-lhe a cadeira e os flashes. Por fim, arrasou com um discurso emocional que acabou num
grito de campanha: "Nos aguardem.
Em 2010, é PSDB de novo!"
Mas o grande vitorioso de ontem
foi outro: Antonio Fernando Souza,
o demolidor.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O Bolshoi e o corte de cana Próximo Texto: Rio de Janeiro - Nelson Motta: Almoço grátis na selva Índice
|