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O pacote de Kassab
O PACOTE da educação divulgado ontem pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), às vésperas do
aniversário da cidade, esboça
avanços em um setor crucial para o desenvolvimento. Melhor
mesmo só se os planos se tornarem realidade -o que, infelizmente, nem sempre acontece.
Kassab anunciou que vai construir 70 novas escolas e 17 CEUs
(Centros Educacionais Unificados). Pretende acrescentar 300
salas de aula a colégios já existentes e reformar 1.321. Além
disso, 247 clubes municipais espalhados pela cidade deverão ser
incorporados à rede de ensino.
O prefeito, entretanto, não
apresentou prazos nem uma estimativa de custos, o que é um
mau sinal. Se há um hábito que a
boa administração pública já deveria ter banido, é o de jorrar
projetos sem fonte de recursos,
orçamento e cronograma.
O objetivo das medidas é acabar com o terceiro turno -período de aulas que vai das 11h às 15h.
Não há dúvida de que pôr um fim
a esse regime absurdo, ao qual
estão submetidos 40% do 1,1 milhão de alunos da rede, é um imperativo. A concentração de três
turmas ao longo da jornada escolar reduz o tempo máximo de
permanência de cada uma delas
a quatro horas, das quais ainda é
preciso subtrair o horário da merenda. É muito pouco para um
ensino de qualidade.
A eliminação do terceiro turno
complementada pela ampliação
da jornada escolar é um passo
necessário, mas não suficiente.
Resultados do último Prova Brasil mostram que o ensino fundamental no país anda em petição
de miséria. Os alunos estão terminando a 8ª série tendo assimilado conteúdos que deveriam ter
aprendido na 4ª.
O pior é que, nesse cenário já
bastante negativo, a rede municipal de São Paulo, a maior e mais
rica cidade do país, vai especialmente mal. No teste de português, nossas crianças ficaram em
21º lugar entre as 26 capitais avaliadas. Em matemática, 20º.
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