São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

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O pacote de Kassab

O PACOTE da educação divulgado ontem pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), às vésperas do aniversário da cidade, esboça avanços em um setor crucial para o desenvolvimento. Melhor mesmo só se os planos se tornarem realidade -o que, infelizmente, nem sempre acontece.
Kassab anunciou que vai construir 70 novas escolas e 17 CEUs (Centros Educacionais Unificados). Pretende acrescentar 300 salas de aula a colégios já existentes e reformar 1.321. Além disso, 247 clubes municipais espalhados pela cidade deverão ser incorporados à rede de ensino.
O prefeito, entretanto, não apresentou prazos nem uma estimativa de custos, o que é um mau sinal. Se há um hábito que a boa administração pública já deveria ter banido, é o de jorrar projetos sem fonte de recursos, orçamento e cronograma.
O objetivo das medidas é acabar com o terceiro turno -período de aulas que vai das 11h às 15h. Não há dúvida de que pôr um fim a esse regime absurdo, ao qual estão submetidos 40% do 1,1 milhão de alunos da rede, é um imperativo. A concentração de três turmas ao longo da jornada escolar reduz o tempo máximo de permanência de cada uma delas a quatro horas, das quais ainda é preciso subtrair o horário da merenda. É muito pouco para um ensino de qualidade.
A eliminação do terceiro turno complementada pela ampliação da jornada escolar é um passo necessário, mas não suficiente. Resultados do último Prova Brasil mostram que o ensino fundamental no país anda em petição de miséria. Os alunos estão terminando a 8ª série tendo assimilado conteúdos que deveriam ter aprendido na 4ª.
O pior é que, nesse cenário já bastante negativo, a rede municipal de São Paulo, a maior e mais rica cidade do país, vai especialmente mal. No teste de português, nossas crianças ficaram em 21º lugar entre as 26 capitais avaliadas. Em matemática, 20º.


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