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CLÓVIS ROSSI
Viva a campanha
SÃO PAULO - Por fim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acertou
uma ao dizer que homem público faz
campanha todos os dias e todas as
noites de todos os anos. E é bom que
seja assim: campanha é uma maneira de prestar contas ao público.
Se a campanha é feita de maneira
honesta ou desonesta, aí é outra discussão. Desonestos, por exemplo, são
os resmungos do tucanato culpando
o mecanismo da reeleição pelo fato
de Lula ter recuperado popularidade,
na medida em que faz campanha
usando o cargo.
Quem foi que inventou, no Brasil, a
reeleição, inclusive comprando votos
para aprovar o instituto?
É igualmente equivocada a queixa
de que a reeleição permite o uso da
máquina, conferindo ao titular do
cargo uma vantagem indevida sobre
os demais concorrentes. Lembra-se
de Orestes Quércia? Não podia ser
candidato à reeleição que inexistia,
mas elegeu seu candidato, Luiz Antônio Fleury Filho, então virgem em
disputas eleitorais, à custa da quebra
do Banespa.
O problema não é a reeleição, mas
os maus costumes políticos.
Fernando Collor não ganhou porque usou a máquina, que não tinha,
a não ser a do paupérrimo Estado de
Alagoas. Ganhou porque usou toda a
desonestidade propagandística possível, com conivência e/ou apoio de
parte importante da mídia.
Mesmo Fernando Henrique Cardoso ganhou em 1994 sem inaugurar
uma só obra, porque não havia o que
inaugurar. Havia o Plano Real.
Que a reeleição favorece quem está
no trono é óbvio. Nos Estados Unidos, por exemplo, nos últimos 70
anos, só dois presidentes eleitos não
se reelegeram (Jimmy Carter e George Bush pai), além, é claro, de John
Kennedy, assassinado no primeiro
mandato.
A maioria do eleitorado é inerentemente conservadora. Prefere o conhecido, a não ser quando o acha calamitoso, ao novo. À oposição cabe,
em vez de reclamar, provar que o presidente é uma calamidade.
@ - crossi@uol.com.br
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