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São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 2003

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INJUSTIÇA TRIBUTÁRIA

De acordo com estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, publicado por esta Folha, a carga tributária brasileira é muito alta e injusta. A arrecadação total de impostos foi estimada em 36,5% do Produto Interno Bruto em 2002. O setor público brasileiro impõe uma carga tributária próxima à da Alemanha (36,7%), embora não proporcione benefícios comparáveis aos cidadãos.
O grosso da arrecadação advém dos chamados impostos indiretos, que recaem sobre a produção e a circulação de mercadorias e serviços, e da tributação sobre os salários (o maior peso é o da contribuição previdenciária). Esses tributos, somados, responderam por 75,7% do total arrecadado em 2002, o equivalente a 27,6% do PIB. A contrapartida da elevada participação dos impostos indiretos e sobre os salários na arrecadação total é a menor tributação sobre o capital e o patrimônio.
Existe uma relação entre a forte concentração da riqueza no Brasil e a concentração da renda, que é das mais elevadas do mundo. Tributar o patrimônio é uma maneira importante de estimular, de modo gradual, uma desconcentração do estoque de riqueza, e esta certamente contribuiria para que a distribuição da renda se tornasse menos desigual.
No sistema tributário brasileiro, os tributos sobre o patrimônio respondem por apenas 3,4% da arrecadação total, o que é baixo para padrões internacionais. Em suma, no Brasil os mais ricos arcam proporcionalmente com uma carga tributária menor do que os mais pobres, o que determina a clara regressividade do sistema tributário nacional.
Esses dados parecem sugerir que os debates em torno da reforma tributária deveriam considerar a possibilidade de se introduzir uma distribuição mais equitativa da carga tributária entre o capital e o trabalho. Nesse sentido, estima-se que uma redução da tributação incidente sobre a folha de pagamento (com destaque para a contribuição previdenciária) poderia retirar milhares de trabalhadores da economia informal.


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