São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Razão da opção
"Afinal, por que votamos no PT? Votamos esperando mudanças radicais. Dentro da lei e da ética, mas radicais. E o que estamos vendo é um amontoado de políticos batendo cabeça uns com os outros, sem saber o que fazer. Afinal, qual era o projeto do PT? Descobrimos nesse pouco mais de um ano que o partido não tinha projeto nenhum para o país, a não ser ganhar as eleições. E agora? O PT não sabe para onde ir. E quem não sabe para onde quer ir não chega a lugar nenhum. Triste carma para nosso país. Não temos estadistas que tenham a coragem de arriscar a própria cabeça, com medidas arrojadas."
Aldo de Cairo Antonio (São José dos Campos, SP)

Publicidade oficial
"A informação de que o governo vai gastar R$ 8 milhões para lançar uma nuvem de fumaça no rosto dos brasileiros é revoltante. Tudo para melhorar sua imagem, que já começa a se desgastar até perante seus eleitores. Acho um absurdo que governos tenham verbas publicitárias, cuja origem são os impostos pagos pela população, para gastar como bem entendem. Já está na hora de o Congresso concluir que, em um país onde faltam comida, saúde, educação etc., o dinheiro público deve ser mais bem aplicado."
Marcia Serrano (São Paulo, SP)

Patrimônio cultural
"Em 19/3, neste "Painel do Leitor", o secretário municipal de Planejamento Urbano, arquiteto Jorge Wilheim, afirma que o Departamento do Patrimônio Histórico elaborou listagem "de reconhecidos arquitetos modernistas", cujas obras passariam a ser consideradas Zonas de Preservação Cultural, providência que havia cobrado em meu artigo publicado em "Tendências/Debates" em 16 de março. Ali alvitrei a idéia de o DPH produzir lista que o digno secretário afirma já ter sido feita pelos técnicos daquele departamento da Secretaria Municipal de Cultura. Durante o tempo em que exerci o cargo de conselheiro do Conpresp e ao longo de minha freqüência no DPH, nunca ouvi falar dessa lista, que o projeto de lei 529/2003 afirma ter pertencido ao "arquivo" da referida Secretaria de Planejamento. Assim, solicito que sejam os leitores da Folha informados sobre o processo em que a Secretaria da Cultura abasteceu o arquivo da Secretaria do Planejamento com aquele rol de edifícios modernos de São Paulo, em que data ele transitou e qual o seu número identificador. Seja qual for o número e intenções daquele processo, torno a insistir na necessidade de uma política de preservação do patrimônio arquitetônico paulistano imaginada por equipe habilitada."
Carlos A.C. Lemos, professor titular da FAU-USP (São Paulo, SP)

Meninas na Febem
"É importante divulgar o assustador aumento do número de meninas que estão na Febem (Cotidiano, 21/3). Entretanto cabe ressaltar que o enfoque dado à reportagem do quanto essas meninas admitem sua "culpa" e "sua própria opção" pela realização dos delitos -idéia reforçada pelo editorial "Meninas na Febem" (Opinião, pág. A2, 23/3)- merece cuidados. É necessário refletir se a Folha, com a reportagem e com o editorial, não está reproduzindo a crença do "menor delinqüente". Deve haver muitos casos em que a vontade individual seja determinante em atitudes criminosas. Mas será que todas essas moças (assim como os rapazes) são apenas agentes da infração e em nenhum grau vítimas de um sistema? A crença exclusiva na maldade dos "menores infratores" tapa a nossa visão e inibe a construção de oportunidades para que essas pessoas possam ter uma reinserção social, se é que algum dia já foram inseridas socialmente."
Daniel Cardoso (Curitiba, PR)

Judiciário
"Parabéns ao deputado José Eduardo Martins Cardozo pelo lúcido artigo da edição de ontem ("Pela reforma sem súmulas vinculantes", "Tendências/Debates", 23/3, pág. A3), em que mostra o perigo que representa para a democracia a entrega aos titulares do Supremo Tribunal Federal, cujas decisões nem sempre são exclusivamente técnicas, o poder irrecorrível de determinar regras interpretativas gerais. A súmula vinculante é uma camisa-de-força que se quer aplicar aos magistrados brasileiros."
José Eduardo Bandeira de Mello (São Paulo, SP)

Bingos
"A Abrabin (Associação Brasileira de Bingos) questiona os números publicados na reportagem "Bingos têm apenas 7.698 carteiras assinadas" (Dinheiro, 23/ 3, pág. B10). As repórteres não têm como mensurar o número exato de trabalhadores de bingos pelos documentos citados. Apenas para dar um exemplo, a Junta Comercial de São Paulo nunca permitiu o registro das casas com a palavra "bingo". Na maioria dos Estados acontece o mesmo. Grande parte dos estabelecimentos do país usa nome fantasia em sua razão social. Portanto o total de empregos encontrado pelas repórteres diz respeito apenas aos estabelecimentos que levam a palavra "bingo", ou seja, uma pequena minoria do total de casas do país. A Abrabin reafirma que as casas de bingo do país geram cerca de 120 mil empregos com carteira assinada e criam outras 200 mil vagas indiretas."
Olavo Sales da Silveira, presidente da Abrabin (São Paulo, SP)

Filme polêmico
"No filme "A Paixão de Cristo", Mel Gibson nos coloca de frente com o horror por que Jesus passou. Não entendo as críticas contra o filme, pois ele retrata o que aconteceu na realidade, e não a Paixão como aparece em algumas religiões, com Jesus envolto em luz e exprimindo uma dor anestesiada. Não saí do cinema com raiva dos judeus, pelo contrário, fiquei emocionado por presenciar a crueldade com que alguns seres humanos cometem atrocidades com o próximo, independentemente de religiões."
Henrick Baratella (Itapira, SP)

Natação
"Quero fazer os seguintes esclarecimentos sobre a reportagem "CBDA põe pedágio em patrocínio público" (Esporte, 21/3, pág. D7). O contrato com a Prefeitura de Joinville teve três principais objetivos: aumentar o apoio financeiro para o atleta Eduardo Fischer, criar um apoio financeiro para o técnico do atleta e poupar a CBDA de alguns custos diretos com Fischer em benefício dos demais atletas de potencial olímpico. A CBDA não teria nenhuma participação financeira, pois a verba seria gerida por uma conta específica no Banco do Brasil e todos os recursos teriam que ser investidos em Fischer. Os entendimentos para o contrato começaram em setembro de 2003. Em novembro, logo após audiência com o prefeito de Joinville, Marcos Antonio Tebaldi, almocei com o atleta e seu pai e dei a eles cópia do projeto que tinha sido apresentado ao prefeito de Joinville, para um exame final. Portanto não procedem as afirmações do atleta de que só tomara conhecimento do contrato em janeiro de 2004, de que não fora consultado sobre o documento e de que a CBDA ficaria com 66% do valor."
Coaracy Nunes Filho, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (Rio de Janeiro, RJ)

Sem perdas
"Em resposta ao artigo de José Geraldo Couto de 20/3 ("Futebol pra quê", Esporte, pág. D3), em que o articulista faz referência a carta minha publicada no "Painel do Leitor" de 18/3, gostaria de dizer que a conclusão de que eu teria dito que futebol é perda de tempo é do colunista. O que fiz foi criticar a atitude daqueles que foram ao aeroporto atirar ovos num time de futebol, quando se pode deduzir que essas pessoas provavelmente nunca usaram essa indignação para solucionar problemas reais. Aí está a perda de tempo a que me referi. No mais, parabéns pelo belo texto."
Luiz Augusto Módolo de Paula (São José dos Campos, SP)

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